PARA EVITAREM FALÊNCIA

Hoteleiros pedem 220 milhões USD ao Governo

Ramiro Barreiropresidente da associacao dos hoteis e resorts de Angola201803144830 1

TURISMO. Redução de turistas e encerramento de estabelecimentos levam os profissionais da hotelaria a pedir medidas “urgentes”. Taxas de ocupação caíram para abaixo da metade.

 

A Associação dos Hotéis e Resorts de Angola (AHRA) entregou ao Governo uma proposta de recapitalização do sector hoteleiro, avaliada em cerca de 220 milhões de dólares por entender que muitas unidades podem decretar falência “se não houver intervenção urgente do Estado”.

A situação dos hotéis, resorts e restaurantes de Angola é “insustentável”, alerta o secretário-geral da AHRA, Ramiro Barreira, que aponta a baixa taxa de ocupação como uma das causas. O dirigente associativo estima que houve uma redução “significativa”, saindo de uma taxa média de ocupação de 90%, em 2014, para 40% em 2018.

A redução de clientes nos restaurantes ainda foi maior, sendo que a taxa de utilização passou dos 80% para 10%, com registos de muitos a fecharem as portas. Fora de Luanda, “ainda é mais grave”, segundo o gestor, estimando taxas de até 5%.

Com a degradação da situação económica, houve um aumento dos custos de operação e, sequencialmente, uma redução de empregos. Segundo estimativas da AHRA, o conjunto de 500 hotéis e 1.200 resorts empregava 120 mil pessoas. Este número caiu para a metade.

A AHRA entende, por isso, “ser o momento de o Estado intervir para que se saia da letargia” em que se encontra.

Ao Governo, segundo Ramiro Barreira, coloca-se agora o “desafio de responder à provável procura que o mercado virá a ter com a facilitação e isenção de vistos de turistas”. “Sabemos que o Governo também está a viver apertos financeiros, mas o país tem de criar condições para trabalharmos. A responsabilidade desta crise não é dos empresários, é do Estado”, defende.

Na visão da AHRA, mais do que capitalizar, é preciso que o Governo trabalhe para a melhoria do ambiente de negócios. “Tem de haver luz, água nos estabelecimentos, porque, sem estas condições, não haverá bons preços”, avisa o líder associativo.

QUADROS NA BASE DE DADOS

Na sexta-feira, a AHRA realizou a ‘1.ª Conferência de Quadros da Hotelaria e Turismo’, que permitiu o início do cadastramento de quadros formados nestas áreas. A ideia é criar um banco de dados que ajude os associados a encontrar profissionais necessários para as suas unidades.

Ramiro Barreira admite que Angola “não tem quadros suficientes, sobretudo universitários, para responder às necessidades do mercado”.

O banco de dados vai permitir saber quantos profissionais existem e onde se encontram para depois serem canalizados de forma direcionada. A AHARA avisa que “não está a garantir emprego”, mas vai funcionar como uma plataforma em que os investidores na área do turismo possam buscar quadros. “É uma contribuição que a Associação quer dar, porque nunca antes foi feito uma conferência de quadros deste sector.”

Durante a conferência, foram debatidos temas como recursos humanos no desenvolvimento da hotelaria e turismo, a importância dos recursos humanos e a empregabilidade. Foi igualmente promovida uma mesa-redonda sob o tema: ‘A importância dos recursos humanos na dinamização do turismo em Angola’.