INAVIC manda reestruturar Air26
AVIAÇÃO. Fonte do INAVIC avança que estão em causa “falhas em procedimentos”. Lojas da operadora privada continuam abertas, mas não podem vender bilhetes.
O Instituto Nacional de Aviação Civil (INAVIC) ordenou a suspensão dos voos da Air26, companhia privada que já foi referência no segmento comercial privado em Angola com operações para quatro destinos. Fonte daquela entidade disse ao VALOR que em causa estão irregularidades nos procedimentos de segurança operacional.
A imobilização dos seus aparelhos na placa do Aeroporto Doméstico, com ar de abandono, levou a que passageiros e agentes da indústria receassem por falência da companhia, mas sabe-se agora que se tratou de uma medida do INAVIC imposta no primeiro trimestre do ano passado.
O VE apurou que a penalização da reguladora da aviação comercial nacional, afecta ao Ministério dos Transportes, visa garantir o cumprimento de procedimentos de segurança que a Air26 terá quebrado. “A empresa continua a fazer parte das companhias autorizadas a voar, mas tem de solucionar algumas questões. A segurança operacional não tem preço. Não se negoceia”, asseverou a fonte do INAVIC. Sem precisar os procedimentos de segurança em causa, a fonte adiantou, entretanto, que já se passaram seis meses, “o que é muito tempo”. “Quanto mais cedo a operadora corrigir as anomalias, mais cedo voltará a voar”, assinalou.
A Air26 afasta os rumores sobre falência, mas também não especifica que regulamentos a companhia terá violado. O director comercial da empresa, Luís Arriegas, apenas confirmou ao VALOR estar em curso um processo de “reformas administrativas e operacionais”.
As lojas da transportadora continuam abertas, mas não podem vender bilhetes até ao levantamento da interdição. “É isso que temos informado aos clientes. Se tivéssemos falido, não teríamos os escritórios e as lojas abertos todos os dias”, argumenta Arriega. O responsável da empresa recusou-se a avançar um prazo para a conclusão da “reestruturação”. ”Em breve, o serviço público estará restabelecido”, limitou-se a observar.
Também não comentou sobre perdas financeiras que a empresa vem acumulando decorrentes da paralisação, mas informou que a mesma está a beneficiar de descontos no pagamento das taxas de parqueamento das aeronaves. Nessas situações, esclareceu, basta informar à Empresa Nacional de Exploração de Aeroportos e Navegação Aérea (ENANA) para se reduzirem as contribuições ao organismo governamental que gere os aeroportos nacionais.
Apesar de paralisada, a empresa não despede trabalhadores e continua a pagar os salários. “Estamos a colocar as pessoas em lugares certos, mas não despedimos ninguém”, assegurou. A Air26 emprega mais de 100 trabalhadores, todos angolanos. Foi criada em 2006, tem seis aviões jactos de fabrico brasileiro Embraer, de 37 a 50 lugares, que, até à data da interdição, voavam para Cabinda, Soyo, Benguela e Ondjiva.
OITO MESES ANTES DA PARALISAÇÃO
Air26 era a “maior operadora” do mercado Em Abril de 2016, o director comercial da Air26 fez um retrato breve do sector da aviação comercial angolana e posicionou a sua companhia no topo das maiores no segmento privado. Luís Arriegas assegurou, na altura, que, face aos problemas no sector, apenas permaneceriam no mercado as operadoras que respeitassem os horários de voos e tivessem capacidade de inovar constantemente os seus serviços. “A Air26 cumpre os horários e somos, por isso, a maior companhia aérea privada neste momento”, vangloriou-se. O gestor garantiu ainda que a companhia contratava, periodicamente, especialistas em serviços aeroportuários para promover formação dos funcionários. Algumas semanas depois, a empresa recebeu a visita de inspectores do INAVIC. Seguiu-se uma comunicação sobre a proibição de descolagem dos seus aviões.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...