INAVIC pode fechar Air26
CANCELAMENTO. Prazos de refundação da transportadora está a chegar ao fim. Regulador avisa que a empresa pode perder a licença de operações.
O Instituto Nacional de Aviação Civil (INAVIC) pode, no próximo ano, anular a licença de operações da Air26, companhia aérea privada angolana que já dominou o segmento da aviação comercial no país.
Em causa, está um processo de reestruturação da empresa imposto em finais de 2016 pelo regulador e que está por concluir. O VALOR apurou que a Air26 solicitou, há cerca de três meses, o prolongamento do prazo de conclusão da reestruturação.
“Recebemos o pedido de moratória da empresa, mas também já avisámos que o tempo está a chegar ao limite. Os primeiros seis meses de 2018 serão decisivos. Se não concluir a reorganização, anula-se a licença”, pontualizou uma fonte do INAVIC, organismo afecto ao Ministério dos Transportes.
Depois de detectar irregularidades, sobretudo de segurança operacional, o INAVIC suspendeu as actividades da Air26 em 2016, impondo a sua reestruturação administrativa e operacional, que, entretanto, deveria terminar em meados desde ano.
Entretanto, a fonte do INAVIC esclareceu que, apesar de os aviões da companhia estarem imobilizados no aeroporto de Luanda, a empresa continua a integrar o grupo de operadoras autorizadas a voar.
As lojas e os escritórios da Air26 mantêm-se abertos, mas, durante várias semanas, o VALOR constatou fracos movimentos nestes estabelecimentos. Contactado, o director comercial da companhia, Luís Arriegas, não reagiu às questões sobre o risco de cancelamento da licença da empresa.
Apesar das perdas financeiras decorrentes da paralisação, a direcção de Air26 tem de pagar os salários a cerca de cem trabalhadores, incluindo pilotos. Aliás, a empresa ficou mais de um ano sem honrar este compromisso contratual, disseram ao VALOR trabalhadores da companhia, que desmentiram o director comercial da empresa, segundo o qual a mesma paga salários com normalidade.
Criada em 2006, a Air26 possui seis aviões jactos Embraer, de 37 a 50 lugares, e voa, a partir de Luanda, para Cabinda, Soyo, Benguela e Ondjiva. A empresa faz parte do Grupo Ducard, pertencente ao empresário Lourenço Duarte, em parceria com o secretário do Conselho de Ministros, Frederico Cardoso.
Em 2013, correram informações segundo as quais o Grupo Ducard enfrentava problemas financeiros que o punha à beira da falência. Nessa altura, a Air26 também tinha problemas de pagamentos de salários, enquanto a Valley Soft, empresa do grupo que esteve envolvida na realização das eleições de 2008, é apontada como falida.
O Grupo Ducard controla dez empresas, a Valley Soft, vocacionada para a consultoria, desenvolvimento e aplicações informáticas, a Merca Electrónica (comercialização de hardware,), a Air26, a SixtandSeven (hotelaria, turismo e rent a car), a Canaris (construção civil e imobiliário), Navimex (trading internacional), DUCARD Energy (petróleo), Seitel (telecomunicações) e Merca SHL (material de higiene e limpeza).
JLo do lado errado da história