Inovação e empreendedorismo em feira de jovens na capital
PEQUENOS NEGÓCIOS. Feira do empreendedorismo juntou mais de quatro dezenas de jovens inovadores de vários cantos do país, no penúltimo sábado, em Luanda. Apesar de perdas de 37%, face ao valor investido, organizadores garantem que o objectivo não era o lucro e que a iniciativa deve repetir-se anualmente.
São jovens, uns com negócios já montados e outros apenas com uma ideia, que pode ser um “grande” projecto ou apenas um conceito inovador. Das artes, a prestação de serviços e energia renovável, a feira de jovens empreendedores, organizada pelas empresas de comunicação ‘Jovens da Banda’ e Neovibe, juntou, num único espaço, em Luanda, 42 empreendedores de diversas partes de Angola.
Durante a feira houve quem fosse para comprar, outros por curiosidade e ainda quem fosse à procura de um primeiro emprego. A empresa Allora, de capitais 100% angolanos, foi das que aproveitou a feira para divulgar os seus serviços e captar futuros colaboradores. Com o objecto principal centrado no fornecimento de pessoal especializado e na formação de recursos humanos, a empresa recebeu, durante a feira, uma dezena de currículos de jovens interessados em trabalhar.
Moisés Kuvula, representante da Allora, fez saber que os apurados na feira e não só beneficiarão de uma pequena formação na área em que melhor estiverem habilitados, para depois serem encaminhados para uma empresa que necessite de funcionários.
A empresa, que já funciona há cerca de ano e meio, tem vários casos de sucesso, apesar de, nos últimos tempos, os recursos financeiros estarem escassos para aprimorar a expansão das actividades, como lamenta Moisés Kuvula.
Com passos “firmes” para se tornar num caso de sucesso, está também a confeccionista de bijuterias, Nilsa Chitomba, que transformou o “hobbie” em trabalho e meio de sustento. A jovem começou a confeccionar bijuterias há mais de 16 anos, com os restos de pano da mãe, que era modista, tendo-se tornado num caso de sucesso nas redes sociais. Fios, brincos e pulseiras, feitos de pano ou de missangas, conquistaram quem pasosu pela sua página nas redes sociais e pela sua bancada na feira. Os preços dos produtos variam entre os mil e os quatro mil kwanzas e os principais clientes são jovens mulheres.
O material usado por Nilza Chitomba provém da China e Portugal e, ao contrário das empresas que têm dificuldades de importar, a jovem garante que consegue trazer a matéria-prima “numa boa”, porque são peças pequenas e cabem numa pasta feminina. Com objectivo de um futuro de sucesso, a confeccionista, que já emprega sete pessoas, pretende aumentar o número de trabalhadores e a divulgação da sua página nas redes sociais.
Presente na feira e que despertou a atenção de muitos esteve também o jovem inventor Miguel Pereira, oriundo de Nambuangongo, Bengo. Com um projecto de energia renovável, usando combustível biológico em frutas e em excrementos de seres humanos e de animais, o jovem pretende “iluminar” o seu município. Miguel Pereira diz que começou a ter “ideias inovadoras” muito cedo, quando percebeu que podia “dar outra vida” a Nambuangongo, onde, segundo ele, “há pessoas que nunca viram luz eléctrica, carros e quando vêem um avião fogem”.
O projecto ainda não teve nenhum estudo de viabilidade, mas o jovem garante que funciona e custa “muito pouco”. E, apesar de ter despertado a atenção dos presentes na feira, nunca recebeu uma resposta concreta de financiamento. “As pessoas estimam e encantam-se com o projecto. Dizem que é o melhor das feiras que já passaram, mas não passa disso. Nunca ninguém quis efectivar o meu projecto”, lamenta. De qualquer forma, e porque “a esperança não morre”, o jovem empreendedor diz que vai continuar a mostrar a sua invenção até que apareça algum financiador.
As oito integrantes do projecto ‘Muarte’, cujo objectivo passa por mostrar que as mulheres angolanas podem fazer arte, também conversaram com o VALOR. Apesar de ter sido criado recentemente (no princípio do ano), o projecto tem sido “muito bem recebido pelo público”, segundo a sua mentora, Inês Molina. Com idades entre os 18 e os 25 anos, as integrantes pretendem levar ao debate temas como a raça, a cor e os costumes. Os quadros expostos na feira variavam entre os 30 mil e os 180 mil kwanzas.
MAIS GASTOS QUE RECEITAS
A organização da feira custou às empresas promotoras 1,325 milhão de kwanzas, conforme orçamentado, o que implicou perdas na ordem dos 37%, com as receitas a fixarem-se nos 835 mil kwanzas. Os organizadores dizem, no entanto, que o objectivo do evento não é o lucro, mas antes “permitir que os jovens mostrem trabalho”.
Os promotores pretendem que o evento passe a ser anual e já têm na forja a criação de um canal de “divulgação do trabalho e talento dos jovens”, como declarou o director da revista ‘Jovens da Banda’, Deslandes Monteiro.
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