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VENDA DE TÍTULOS DO TESOURO NO PRIMEIRO TRIMESTRE

Investidores quebram plano de endividamento do Governo

Finanças Públicas. Governo aposta forte na emissão de Obrigações do Tesouro de médio prazo, mas investidores ‘fogem’ maioritariamente para período de um ano e cinco meses. Situação é semelhante aos Bilhetes do Tesouro, em que investidores apostam no período mais curto possível, ou seja, três meses.

Investidores quebram plano de endividamento do Governo
D.R

Os investidores das Obrigações do Tesouro (OT) apostaram essencialmente nos títulos com maturidade de um ano e cinco meses com cerca de 44% dos investimentos, nos primeiros três meses de 2020. A aposta contraria a previsão do Governo que, para este ano, desenhou uma estrutura com os títulos de maturidades de dois, três e quatro anos a dominarem as emissões.

Do total de 320,99 mil milhões de kwanzas emitidos, cerca de 141,39 mil milhões resultaram da emissão com maturidade de um ano e cinco meses, aumento de 111% face aos 66,9 mil milhões de kwanzas que o Governo projectou captar com a emissão das obrigações com a maturidade desta natureza, durante o ano todo.

O ‘desprezo’ pelos títulos com maturidades superiores é atribuído ao facto de o Governo estar a emitir apenas títulos não indexados ao dólar como resultado de concertações com o FMI no sentido do controlo da dívida. Para o Ministério das Finanças, “a maior concentração em papéis com maturidade de 1,5 anos” confirma “o perfil conservador dos investidores, face às incertezas da economia nacional”.

Para este ano, o Governo calculou uma “aposta forte” nas emissões de Obrigações de Tesouro com maturidade de com 3 e 4 anos, perspectivando 223,01 mil milhões para cada um dos tipos. E, no trimestre em análise, captou cerca de 64,13 mil milhões para as obrigações com maturidade de dois anos e 64,56 mil milhões de kwanzas para as de três anos.

Em termos globais, no período, as emissões de OT em moeda nacional totalizaram cerca de 320,99 mil milhões de kwanzas (514,711 milhões de dólares), um défice de cerca de 43,4% face aos 567,520 mil milhões de kwanzas previstos para o trimestre em análise no Plano Anual de Endividamento.

O défice é explicado por não se ter realizado qualquer leilão em moeda estrangeira quando estava prevista a emissão equivalente a mais de 376,058 mil milhões de kwanzas. Também não se registaram emissões especiais durante o período em análise.

BILHETES COM VENCIMENTO DE TRÊS MESES

No que diz respeito à emissão de Bilhetes do Tesouro (BT), registou-se uma emissão de 375,47 mil milhões de kwanzas, (591,524 milhões de dólares), superando em cerca de 257,3 mil milhões de kwanzas os mais de 118,118 mil milhões que estavam previstos para o período.

No entanto, nota-se uma clara tendência de aposta nos bilhetes de curta duração, no caso de três meses. Estas concentraram cerca de 52% das emissões com 197,05 mil milhões de kwanzas, seguindo-se os bilhetes com maturidade de seis meses com a emissão de 107,80 mil milhões de kwanzas. Os bilhetes com maturidade de um ano permitiram arrecadar cerca de 70,62 milhões de kwanzas. No mesmo período, o serviço da dívida com os BT fixou-se nos 508,040 mil milhões de kwanzas.