ANGOLA GROWING
DADOS DOS ÚLTIMOS TRÊS ANOS

Investimento português na indústria angolana é de apenas 3%

RESULTADOS. Presença portuguesa na indústria, em Angola, nos últimos quatro anos, considerada “insignificante”, face aos principais investidores. O Ministério da Indústria aprovou mais de 30 projectos o ano passado, mas apenas um é de origem lusa.

Os investimentos de Portugal aprovados e dirigidos à indústria em Angola, entre 2013 e 2016, representam apenas 3% do total dos valores aplicados no sector nesse período, revelou o director da Unidade Técnica de Apoio ao Investimento Privado (UTAIP) do Ministério da Indústria, José Sala.

Na globalidade, a fatia de investimentos estrangeiros feitos por empresas portuguesas foi de 15% nos últimos quatro anos, uma percentagem considerada “bastante insignificante” e que deve ser “melhorada”.

O ano passado, a UTAIP da Indústria aprovou mais de 30 projectos avaliados em 149,2 milhões de dólares, com Portugal a ser representado por apenas um projecto no montante de 658 mil dólares, resultante de uma aquisição de participação numa sociedade, revelou José Sala, ao VALOR, durante o II Fórum Angola/Portugal.

Nos últimos quatro anos, o investimento de empresas portuguesas nos mais diferentes sectores foi oscilando, com subidas e descidas. Em 2013, dos 179 projectos aprovados pela indústria, sete investimentos foram portugueses; em 2014, houve um total de 203 aprovados, 40 dos quais portugueses e apenas nove dirigidos à indústria. Em 2015, foram 105 aprovados, seis dos quais portugueses, com dois canalizados para a indústria.

ANGOLANOS 'PERDEM'

Os investimentos lusos em Angola são considerados “modestos” face aos grandes investidores como a China, Brasil, França e Estados Unidos. No primeiro fórum realizado em 2015, os dois países criaram o ‘Observatório de Investimento’, com o objectivo de avaliar a cooperação.

Dados apresentados pelo jornal português ‘Expresso’ em 2015, que foram compilados a partir de estudos do Banco Nacional de Angola, dão conta de que os angolanos investiram 13 vezes mais no estrangeiro do que em Angola. O jornal avançava que os angolanos, de 2010 até 2014, fizeram um investimento no estrangeiro, principalmente em Portugal, na ordem dos 17 mil milhões de dólares. A banca, energia, telecomunicações e mais generalizadamente o imobiliário são os sectores em que o Estado, através da Sonangol, e influentes figuras da política mais fizeram os seus investimentos.

ANGOLA OITAVO CLIENTE DE PORTUGAL

Mais de metade das empresas portuguesas que exportam para Angola, das 10 mil existentes, têm o mercado nacional como o único destino das suas exportações revelou o conselheiro económico e comercial da embaixada de Portugal em Angola, José Junqueira. Angola é o oitavo maior cliente de Portugal. Antes da crise, estava em quarto lugar. Representou, entre Janeiro e Setembro de 2016, 2,6% das exportações portuguesas, enquanto em igual período de 2015 correspondia a 4,3% do total de produtos portugueses colocados nos mercados externos.