Isabel dos Santos na reestruturação da Telecom
TELEFONIA.À presença activa na reorganização da petrolífera pública, a empresária soma a sua participação num processo semelhante, em curso, na Angola Telecom.
Angola Telecom é a segunda empresa pública estratégica cujo processo de reestruturação, em curso, está a ser levado adiante, com o envolvimento da empresária Isabel dos Santos. Segundo apurou o VALOR de fontes próximas ao processo, a equipa de consultores da empresária, que trabalha na reestruturação da empresa e que passou a ocupar o último piso do edifício-sede da Angola Telecom na baixa de Luanda, é liderada por Pedro Durão Leitão, antigo administrador da Portugal Telecom e agora funcionário da Unitel. Com o afastamento, por despacho presidencial, de toda a administração da empresa, no final de Janeiro, Pedro Durão Leite passou a ser uma espécie de PCA sombra, embora o ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação tenha nomeado uma comissão de gestão interina.
No processo de reestruturação da empresa pública estão também consultores da Delloite, que procedem à auditoria interna, assim como a empresa UCall, que conduz entrevistas aos funcionários encontrados na Angola Telecom, “para supostamente aferirem o grau de competências, para o recrutamento interno”.
Com base no processo de selecção, os trabalhadores “indesejados” são encaminhados para uma espécie de comissão, que decide dois possíveis destinos: “recolocação noutras áreas ou despedimento”.
É a mesma comissão que trata do processo de reformas, sendo que, em alguns casos, admitem-se reformas antecipadas para os mais antigos, ainda que não tenham atingido o tempo limite, como notam ainda as fontes do VALOR.
NA TELEFONIA MÓVEL
Em Março, ficou-se a saber que Angola Telecom passará a actuar como a terceira operadora de telefonia móvel, concorrendo directamente com a Movicel e a Unitel, segundo revelações do Presidente do Conselho de Administração do Instituto Nacional de Comunicações, Pedro Benge. A empresa deverá desenvolver também os serviços de dados e de televisão endereçada, mudanças que resultam do processo de reestruturação. A Angola Telecom regressa assim ao segmento de telefonia móvel, já que foi a primeira empresa a introduzir esses serviços, na década de 1990, os quais veio posteriormente a terceirizar para a Movicel. O despacho presidencial que determinou a reestruturação da operadora pública determina a capitalização da empresa, pela venda dos seus ativos, além da transformação da unidade Infrasat (que garante comunicações via satélite) em sociedade comercial. No entanto, não há qualquer confirmação de que a empresária, que já controla a Unitel, venha a ser uma das entidades interessadas na compra dos activos da empresa pública.
Em todo o caso, o Governo espera que a futura entidade gestora da Angola Telecom adopte medidas para estancar as perdas de quota de mercado e aumente as receitas, além de diversificar a oferta de serviços, entre outros objetivos.
Nas contas da reorganização, calcula-se que o maior desafio da Angola Telecom passe por implementar o serviço de Televisão Digital Terrestre (TDT), cuja meta é chegar a 117 municípios até junho de 2017, através de um investimento estimado superior a 300 milhões de euros (mais de 330 milhões de dólares).
A Angola Telecom é a segunda empresa pública, considerada estratégica, que passa por um processo de reestruturação, com o envolvimento da empresária Isabel dos Santos. A mesma já participa do processo de reestruturação da petrolífera estatal Sonangol, com vários consultores internacionais que ocupam dois andares do edifício sede da petrolífera em Luanda.
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