PR VAI À ASSEMBLEIA NACIONAL NO PRÓXIMO DIA 16

João Lourenço discursa primeiro ‘Estado da Nação’ no Parlamento

EXPECTATIVAS. Embora há três semanas, aquando da tomada de posse, João Lourenço tenha já ‘discorrido’ sobre a vida do país, o conteúdo do discurso sobre o Estado da Nação gera alguma ‘ansiedade’, com destaque para a economia.

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O discurso sobre o Estado da Nação a ser proferido a 16 de Outubro, pelo Presidente da República, na abertura do primeiro ano parlamentar da quarta Legislatura, deverá fechar o ‘ciclo de dissertações formais’, e ‘empurrar’ João Lourenço para a obra, concluíram analistas contactados pelo VALOR.

A elaboração e aprovação do Orçamento Geral do Estado (OGE/2017) constitui a principal ferramenta para que o sucessor de José Eduardo dos Santos entre na ‘via expressa’ da concretização das promessas eleitorais, saindo da ‘fase formal’ dos discursos. Por força da Constituição, o Presidente da República vai à Assembleia Nacional para, perante deputados, explicar o Estado da Nação. Além de apontar problemas, espera-se que aponte também caminhos a seguir para resolvê-los.

Embora, aquando da investidura no cargo de Presidente da República, há sensivelmente três semanas, João Lourenço tenha já discursado sobre a situação do país, há expectativas sobre o conteúdo do discurso do Estado da Nação. As ‘ansiedades’ são ainda maiores em relação às medidas do novo Governo que visam dinamizar a economia, nos próximos cinco anos.

O economista Lopes Paulo, por exemplo, chama a atenção para o quadro de falência técnica em que se encontram vários bancos comerciais angolanos. O ex-administrador da Agência para a Promoção do Investimentos e Exportação de Angola (APIEX) alerta ainda a administração de João Lourenço para o facto de os níveis das reservas internacionais líquidas angolanas continuarem a reduzir, estimando-se actualmente em 14 mil milhões de dólares contra os 32 milhões de dólares, em 2014.

Lopes Paulo, em entrevista ao ‘Novo Jornal’, avisou ainda sobre a importância de o sistema financeiro, a nível do Banco Nacional de Angola, ser mais proactivo para permitir o levantamento das restrições de divisas que o país enfrenta no mercado internacional. “A nossa maior crise não é económica nem financeira, é sim de consciência. Se sairmos dessa crise de consciência, percebendo o que priorizar, será muito mais fácil a questão nacional”, alertou o economista.

Já a representante em Luanda da Associação Agro-Pecuária, Comercial e de Indústria da Huíla (AAPCIL), Filomena Oliveira, espera que, antes de serem tomadas medidas, o Governo de João Lourenço crie espaços de debate e concertação com os empresários (de dimensão nacional e local) de modo a recolher propostas de formulação das políticas a serem implementadas sobre o sector.

A empresária entende ainda que o pagamento célere e desburocratizado da dívida do Estado (com juros de mora à taxa comercial) para com as micro, pequenas e médias empresas deve constituir uma prioridade do Presidente da República. A representante da AAPCIL em Luanda aponta ainda como urgente a revisão do código tributário e a legislação fiscal complementar. “Deve ser adequada à realidade económica de Angola, contemplando procedimentos e requisitos distintos aos das grandes empresas. Que sejam mais simples e menos penalizantes para as micro, pequenas e médias empresas”, defende, indicando ainda “a adequação da pauta aduaneira às necessidades reais do país”.

A empresária da Huíla espera que o novo inquilino da Cidade Alta promova processos “claros e efectivos” de responsabilização dos funcionários do Estado e dos cidadãos em geral nas questões do combate à corrupção e promoção da excelência, sem esquecer a dinamização dos tribunais na “resolução célere”de litígios no sector empresarial.

Tal como Filomena Oliveira, o presidente do grupo empresarial Bongani, Luís Cupenala, espera que o Presidente João Lourenço se debruce sobre a justiça empresarial e disciplina no mercado, bem como sobre a redução da burocracia e das barreiras administrativa “artificiais para a geração de custos de oportunidade”. “Deve combater a corrupção e a promiscuidade entre entidades com cargos executivos no Governo e empresários, porque criam obstrução das iniciativas de empreendedores e competição desleal, enfraquecendo a funcionalidade e eficiência das instituições do Estado”, sugeriu.

O presidente da Bongani realça ainda a importância das relações económicas com países estratégicos por formas a criar também condições para o investimento estrangeiro directo, fluxo de capitais, transferência do ‘know-how’ e tecnologias para a criação de capacidades internas do país e a sua competitividade no mercado internacional.