João Lourenço, Presidente da República e do MPLA
DISTINÇÃO. Aposta numa tentativa de viragem diplomática marcada por inúmeras incertezas e o forte ‘investimento’ na alteração do estatuto do MPLA para procurar manter-se à frente do partido, depois de 2026, para além da responsabilizacção pelo cenário de pobreza que grossa pelo País fora, estão entre as razões da escolha.
Com o fim da guerra fria, o histórico das relações diplomáticas de Angola foi sempre marcado pela hábil capacidade de relacionar-se com os diferentes blocos geoestratégicos sem afrontar quem quer que fosse.
Apesar da maior proximidade com a Rússia e, nos últimos anos, com a China, Angola manteve sempre uma relação com os Estados Unidos sem que tivesse a necessidade de mostrar que os norte-americanos estão em segundo plano em benefício de os outros parceiros. Sempre que existisse algum ‘irritante’ as partes encontraram algum caminho, como aconteceu em 2011, quando Christopher McMullen esperou por seis meses para apresentar as respectivas credenciais. O posicionamento de Angola foi atribuído ao desagrado das autoridades de Luanda pelo encerramento das contas bancárias da sua embaixada em Washington, três vezes, por outros tantos bancos, em sete meses.
No entanto, este ano consolidou-se uma nova forma de Angola estar no mundo. Desde que tomou posse, ainda no seu primeiro mandato, o Presidente João Lourenço deixou clara a intenção de fortalecer as relações com os Estados Unidos. O que, entretanto, muitos não esperavam é que João Lourenço estivesse disposto a pisar tão fundo. Colocar de parte parceiros históricos e estratégicos, como a Rússia, remando, inclusive, contra a vontade dos militares.
Por sua conta e risco, entretanto, João Lourenço acabou por fazê-lo. Condenou a Rússia no conflito com a Ucrânia e anunciou a intenção de reequipar as forças armadas angolanas com técnica americana, interrompendo o histórico da relação militar com a Rússia e, por isso, criando incertezas sobre as futuras relações com o país de Putin.
Em Fevereiro deste ano, o embaixador russo em Angola, Vladimir Tararov, em entrevista ao Valor Económico, reforçou a vontade de a Rússia manter a relação estratégica com Angola, mas admitiu a interferência norte-americana. “Se a vontade de Angola for ficar ao lado da Rússia, essa será a união mais forte do que a união obrigada pelos EUA. Quando os EUA se enfraquecerem, vão perder todos os aliados, porque são injustos e inseguros. Os aliados foram forçados a fazer amizade. Quando as pessoas chegarem a essa conclusão, se a Rússia cair, vão sempre tentar ajudar a Rússia, porque chegaram a essa conclusão conscientes, sem serem obrigadas.”
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