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INSTITUIÇÃO CONTRAIU DÍVIDA DE MAIS 3,7 MILHÕES NO 1.º SEMESTRE

Junta Médica deve a Portugal mais de 8 milhões de euros

SAÚDE. Restrições financeiras deixam mais de mil pacientes a aguardar por transferências para Portugal e África do Sul.

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As despesas da Junta Nacional de Saúde com doentes em Portugal atingiram, entre Janeiro e Julho deste ano, 3,7 milhões de euros (1,1 mil milhões de kwanzas), fixando em mais de oito milhões de euros o valor total da dívida acumulada.

Até ao ano passado, a dívida da Junta Nacional para com Portugal estava calculada em mais de oito milhões de euros. Fontes ligadas à instituição revelam, no entanto, que parte do valor foi paga, recuando o acumulado para a casa dos cinco milhões de euros a que se somam agora os 3,7 milhões deste ano.

Para com a África do Sul, a dívida é “menos preocupante”. Em 2017, andava perto dos cem mil dólares, sendo que, actualmente, o país africano acolhe apenas 50 pacientes angolanos pela Junta Médica.

Além da assistência médica e medicamentosa, a instituição tutelada pelo Ministério da Saúde custeia alojamentos para os doentes e acompanhantes. Mas, com as dificuldades de pagamento a afectarem sobretudo os contratos de alojamento, as novas transferências estão limitadas. Para Portugal, por exemplo, encontram-se à espera 523 pacientes, enquanto, para a África do Sul, há 625 angolanos na lista.

A escassez de recursos financeiros já levou até a que alguns angolanos que já se encontravam na África do Sul fossem aconselhados a voltar para o país, através de um acordo mútuo entre as autoridades sanitárias sul-africanas e os próprios pacientes.

Em Angola, a Junta Médica tem também, sob a sua responsabilidade, doentes com insuficiência renal, que se encontram em tratamento no centro de hemodiálise Pluribus África, que funciona nas instalações do Hospital ‘Américo Boavida’, em Luanda. Mas o orçamento da Junta vem registando cortes sucessivos desde 2014, na sequência da crise financeira. Nos últimos três anos, a verba recuou 66%, dos três mil milhões para os mil milhões de kwanzas. E, como agravante, o valor já reduzido não é disponibilizado de forma regular, como notam as fontes. No ano passado, por exemplo, a instituição ficou mais de seis meses sem qualquer verba para as despesas com os pacientes.