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LICENÇA PARA PILHAR

31 May. 2023 V E Editorial
LICENÇA PARA PILHAR

As evidências anunciaram-se desde a primeira hora e acumulam-se todos os dias. O alegado combate às práticas lesivas ao erário junta de forma indisfarçável um projecto de acumulação abusiva e anárquica de capital. É o eufemismo possível para a roubalheira do erário que acontece hoje à luz do dia e à mão desarmada.

A pilhagem, a mais visível, faz-se particularmente de duas formas, com alegada cobertura legal. A primeira passa pelos ajustes directos. João Lourenço normalizou a entrega simplificada de importantes empreitadas do Estado a amigos e quejandos, como quem paga do seu bolso um jantar com a família. Sofisticando os métodos do seu antecessor, Lourenço faz dos recursos do país a extensão do palácio que o acolhe, consagrando em termos afirmativos o Estado patrimonial de Max Webber.

Com João Lourenço, a Odebrecht, a Soares da Costa, a Teixeira Duarte, a Mota Engil, a Somague, a Edifer e tantas outras similares, que prosperaram com José Eduardo dos Santos, todas ficaram sumarizadas na super Omatapalo e na não menos beneficiada Mitrelli. Noutras esferas, na distribuição, no comércio, na banca, nos serviços, surgem as inevitáveis Carrinho e a Gemcorp. Outras mais dissimuladas que também mergulham entre o comércio, a indústria, a agricultura e os serviços, estão associadas a nomes que teimam em manter-se no submundo da escuridão. Mas, tal como o azeite na água, há-de chegar o dia em que os angolanos saberão quem afinal andou a amealhar o quê, a coberto das adjudicações directas e simplificadas. Afinal, não há outra explicação para o facto de as empresas beneficiárias deixarem de ser mencionadas nos despachos presidenciais de adjudicação dos projectos.

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