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CRÉDITO MAL PARADO, NO KWANZA-SUL

Mais de 40 empresários sem ?dinheiro para pagar dívidas a bancos

CRÉDITO BANCÁRIO. Mais de 40 empresários, no Kwanza-Sul, não têm dinheiro para reembolsar os créditos bancários de que beneficiaram, há sete anos, alegadamente, por os negócios em que estão envolvidos não terem evoluído.

Pelo menos, 46 empresários, beneficiários de créditos bancários, há sete anos, no Kwanza-Sul, enfrentam dificuldades em reembolsar os valores. O ano de 2014 foi a data acordada para a amortização dos empréstimos, passados 24 meses, os devedores, maioritariamente ligados à agricultura, clamam para mais financiamento. Aqueles homens de negócios argumentam que o primeiro apoio bancário serviu apenas para criar condições de implementação dos projectos, sendo que agora precisam de nova injecção financeira para o desenvolvimento dos negócios.

O vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Kwanza-Sul, José Cungo, que avançou a informação, reconheceu que os prazos de devolução estão ultrapassados, mas alertou que o desenvolvimento da agricultura carece de muito investimento, não tendo, no entanto, avançado o valor da dívida. “O Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) é um dos bancos credores. Estamos a verificar que o Governo está, de certa forma, céptico. As autoridades pensam que esses empresários foram maus gestores, mas não foram. Há necessidade de se dar outros espaços para que os projectos possam crescer”, suplica o representante da classe empresarial do Kwanza-sul.

Entretanto, pelo menos sete novos projectos empresariais, ligados à pesca e à agricultura, foram apresentados à Unidade Técnica de Investimento Privado (UTIP), com objectivo de beneficiarem de financiamento, numa iniciativa da Câmara de Comércio e Indústria do Kwanza-Sul, intermediada pelo governo provincial. Escassez de sementes, fertilizantes, adubos, pesticidas e falta de laboratórios e técnicos foram apontadas como sendo os principais obstáculos do desenvolvimento da agricultura naquela província. O Estado, defende o entrevistado, deve criar laboratórios de análise dos solos, explicando que é um erro lançar a semente na terra, sem saber o que ela precisa. Por outro lado, continuou, tem de haver instituições que produzam sementes para diminuir a importação desse produto.

“Não basta ter dinheiro e equipamentos, é preciso ter alguém que domine a actividade que um individuo quer desenvolver. O empresário é aquele que concebe, mas necessita de técnicos que o ajudem na implementação de projectos”, argumenta.

O mau estado de conservação das estradas, bem como a falta de energia e água também engrossam a lista de dificuldades da actividade agrícola. A província, por exemplo, tem 12 municípios, mas apenas quatro (Porto Amboim, Libolo, Gabela, a sede de Amboim e capital Sumbe), consomem electricidade da rede pública, produzida pela Barragem de Cambambe. O vice-presidente daquela câmara de negócios não esqueceu das dificuldades que enfrentam com o desaparecimento do Programa de Aquisição de Produtos Agropecuário (PAPAGRO), que funcionou apenas dois meses. Outro que também não funciona é o Centro Logístico e de Distribuição (CLOD).

Do ponto de vista agrícola, a Quibala, Cela, Amboim e Cassongue são os municípios mais produtivos, enquanto a produção pecuária é dominada pelo Porto Amboim, Sumbe, Cela e Quibala. A capital, Sumbe, e o Porto Amboim dominam a actividade piscatória, por serem regiões do litoral do Kwanza-Sul.