Mais um falso argumento

16 Mar. 2022 V E Editorial

Não há nada de extraordinário em apontar-se um falso argumento nas justificações de um membro do Governo. Seja qual for o nível do governante e particularmente quando se trata de um governo como o angolano. Na verdade, além das várias formas amodernadas de repressão, os regimes autocráticos também se prolongam no tempo pelo recurso frequente e sistemático ao falso argumento. Ou seja, pelo desprezo sobranceiro da verdade em benefício descarado da mentira. É um dos condimentos essenciais à sobrevivência desse tipo de regimes.

Mais um falso argumento

Vem isso a propósito das últimas declarações de João Lourenço em Cabo Verde, sobre a ausência das autarquias locais em Angola. Em bom rigor, é enfadonho para qualquer um repisar este facto vezes sem conta, mas é incontornável dizê-lo sempre que necessário: o processo político angolano é claro para quem tem olhos de ver. Na Assembleia Nacional, impera a vontade exclusiva e única do partido no poder e do seu chefe. Não se pode contestar isso com razoável racionalidade.

O mínimo de dois terços que o MPLA fez questão de assegurar, até nas últimas eleições, não são para fazer figura. É para fazer aprovar leis a seu gosto e ao seu ritmo. Não faz qualquer sentido, por isso, imputar o atraso na concretização das eleições autárquicas à falta de consenso na Assembleia Nacional, como o fez João Lourenço, em Cabo Verde.

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