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ACADÉMICO FALA EM DESEQUILÍBRIO AMBIENTAL

Mangais do Nzeto “em risco de extinção”

CONSERVAÇÃO. Exploração desregrada da espécie para a produção do carvão e construção de residências é apontada como principal causa para a destruição da reserva. Especialista apela à sensibilização da população para se inverter o quadro.

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As autoridades devem tomar medidas urgentes com vista a salvar os poucos arbustos que sobraram nos mangais da zona costeira do Nzeto, no Zaire, cujo desaparecimento pode desencadear um desequilíbrio ambiental.

O apelo foi feito pelo académico Mateus Filho, que, em declarações à Angop, lembrou que as referidas árvores naquela zona são a principal fonte de produção da matéria orgânica dissolvida no oceano e que serve de alimento para as várias espécies marinhas, além de constituírem habitat para muitas outras espécies de animais.

O biólogo, que se mostra preocupado com o risco de extinção dos mangais do Nzeto, destacou também a contribuição dos mangais para a protecção do meio ambiente contra o efeito estufa, produzindo oxigénio de que dependem os seres vivos, assim como o seu papel na protecção da costa marítima contra a erosão.

A exploração desenfreada desta espécie para a produção do carvão vegetal e construção de residências, por alguns habitantes locais, está a contribuir para a sua destruição, segundo ainda o biólogo, que aponta a acção de sensibilização da população como uma das soluções para se inverter o quadro actual. “Aliada a esta situação está também o facto de a água das salinas (desaproveitadas) estar a invadir o perímetro dos mangais, tornando o solo estéril e resultando na seca dos arbustos, acrescentou.

Regularizar o curso de água doce para o principal matagal dos mangais existente na foz do rio Mbridge, com a desobstrução do canal que existia anteriormente neste local, foi igualmente apontada como uma das soluções para impedir o seu desaparecimento total.

No entanto, o chefe de departamento provincial do Ambiente, Manuel António Salvador, disse que os mangais são uma espécie protegida por lei, estando, por isso, controlado o quadro da sua preservação a nível da região, apesar de alguns factores de risco.

O responsável revelou que o Zaire é a região com a maior densidade de mangais, sobretudo, no Soyo e Nzeto, onde o sector concentra a maior parte das acções de monitorização dos aspectos atinentes à sua preservação.

“Os indicadores são sustentáveis, não há ainda perigo nenhum, estando o sector do ambiente a trabalhar na definição de uma zona de conservação e protecção destes arbustos, de modo a travar a sua destruição acelerada em função da pressão antrópica exercida sobre esta espécie”, concluiu.