Marca angolana investe 1.750 milhões USD na produção de motorizadas
INDÚSTRIA. Contexto económico obrigou a marca angolana Pegado Motors a trocar produção de automóvel por motorizadas de passageiros num investimento de 1.750 milhões de dólares. Director-geral do grupo empresarial ‘caça’ financiamento para criação de linha de montagem de forma a exportar a outros países a partir de Angola.
Passados sete anos desde o anúncio do arranque da produção, o grupo empresarial BVP, detentor da marca Pegado Motors, começou finalmente a produzir motorizadas de 250 metros cúbicos, de marca Baza Baza, destinadas ao serviço de táxi e transporte de turistas.
O atraso da concretização do projecto é justificado pelo director-geral do grupo, Bruno Pegado, com a falta de financiamento, mas, neste ano de arranque, já estão previstas 500 unidades num investimento 1,750 milhões de dólares, 380 mil dos quais já aplicados.
Com os componentes a serem produzidos na China, Tailândia e Indonésia, o grupo tenciona inverter o quadro de modo a reduzir os custos de produção fixados em 3,5 mil dólares por unidade. A intenção está, entretanto, condicionada a concretização de um investimento de pelo menos 2 milhões de dólares para implantação da linha de montagem automatizada no Cuanza Sul. “A nossa intenção não é viver de importação, é criar visibilidade a outros empreendedores que podem ter-nos como um ponto de venda. Nós trabalhamos com ferro, borracha, vidro, estufa, uma série de componentes para montar os nossos Baza Baza. Temos muito ferro no país, podem trabalhar o ferro com as especificações técnicas dos nossos chassis, nós vamos comprar. É deste modo que abrimos caminho para a industrialização do país”, refere o empresário.
A marca começou a vender para os mercados da República Democrática do Congo, Tanzânia e Gana. As vendas com a RDC, onde segue nos próximos dias outro contrato de 200 motorizadas, renderam 420 mil dólares, valores que, segundo Pegado, não constituíram ganhos por conta do pagamento da dívida com os fornecedores e custos na reexportação a partir de Angola. Têm a solicitação também de uma empresa do Algarve, Portugal, que pretende usar para o transporte de turistas.
“Fazemos a importação para Angola depois a reexportação, fica-nos muito caro, Se a zona franca funcionasse, facilitava. Fica mais em conta fazer produção na China e exportar directamente para o cliente. O que acaba por acontecer é que estas divisas não entram para Angola, é isso que procuramos evitar”, explica.
Além de comercializar a 3.9 milhões de kwanzas cada motorizada, a empresa criou uma plataforma de gestão de táxi, na qual os interessados podem investir 3.5 milhões para um Baza Baza fazer o serviço do táxi e, em um ano, receber o dobro do valor, recebendo 550 mil mensais. Com a iniciativa prevê empregar 700 empregos.
Mercado não é viável para viaturas
Bruno Pegado garante ter pago na totalidade a dívida que a empresa tinha com os clientes que compraram as viaturas antecipadamente. E explica que a desvalorização da moeda contribuiu para o fracasso da produção das primeiras viaturas para o mercado angolano. “Foi uma fatalidade, quando comercializamos o câmbio era de 16, quando o banco deu luz verde para provisionar a conta para a factura ser liquidada o câmbio já estava 40 e poucos”, conta.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...