Ex-primeiro ministro encontra razões para sair da Sonangol

Marcolino Moco acredita que foi exonerado por criticar João Lourenço

O antigo primeiro-ministro Marcolino Moco, exonerado na semana passada do cargo de administrador não executivo da Sonangol, declarou que “o camarada João Lourenço” que conhece já não é “tão parecido com o actual presidente”.

Marcolino Moco acredita que foi exonerado por criticar João Lourenço

Numa publicação numa das redes sociais, Marcolino Moco faz algumas revelações para tentar explicar o que poderá ter estado na base da sua exoneração de administrador não executivo da petrolífera.

No texto, Marcolino Moco revelou que soube do seu afastamento pela televisão, enquanto tomava “a primeira colherada de sopa”. Acrescenta que por "coincidência ou não", o afastamento aconteceu depois de ter escrito sobre posições atribuídas ao Bureau Político do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e críticas à orientação de certos programas da TPA, igualmente "criticadas por vários outros camaradas da chamada `família MPLA`".

Esses críticos "por certo não têm, nem esperam por cargos tão suculentos, enquanto persiste este clima de intimidação cada vez (mais ou menos?) sofisticado". Refere, que estava no cargo há três anos, por nomeação de João Lourenço, tendo existido "alguma insistência" para então o aceit

Marcolino Moco escreve que, de certa forma, já estava à espera por este desfecho. Foi avisado, por duas vezes, indiretamente, sobre as suas posições. Numa delas, chegou mesmo a ser questionado de forma "já um pouco sinistra" sobre as razões de permanecer um crítico, "apesar de toda a dinheirama e mordomias". "Curioso recordar que uns dias antes tinham sido atribuídos, especificamente aos administradores não executivos da Sonangol, salários muito bem longe da realidade, por fofocas dentro e fora das ‘redes’".

Marcolino Moco garante que "nunca mais" aceitará cargos que "afinal" apenas servem para as pessoas ficarem caladas, "quando não, para tecer loas ‘à chefia’".

Marcolino Moco acrescenta que as nomeações são feitas para que, "mesmo perante irregularidades tão evidentes, que frenam a consolidação da pretendida estabilização política, económica, social e cultural do país", as pessoas fiquem caladas.