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MINISTRO AUGUSTO TOMÁS JUSTIFICA DECISÃO COM ESCASSEZ DE RECURSOS

Metro de superfície adiado ‘sine die’

INFRA-ESTRUTURAS. Governante considera que “é preciso dar passos que as pernas permitem”. Economista diz que decisão é “acertada”.

O ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás, revelou, ao VALOR, que o projecto dos “comboios ligeiros mais avançados” para Luanda foi adiado, sem previsão de arranque. O governante justificou a decisão com as prioridades que o Governo teve de estabelecer devido às dificuldades financeiras e esclareceu que “nunca se falou de um metro, mas sim de comboios ligeiros mais avançados”, como os chamados BTR, contrariando a versão oficial, apresentada há mais de um ano.

Em Julho de 2015, o antigo governador de Luanda, Graciano Domingos, afirmava que o programa do Governo previa a construção de um metro de superfície, que partiria da Marginal de Luanda, passando por Cacuaco e que culminaria no Benfica.

Mas antes, a 22 de Setembro de 2014, foi o Presidente da República, José Eduardo dos Santos que anunciou a construção de metro de superficie, numa reunião de trabalho, na sede do Governo Provincial de Luanda. Graciano Domingos chegou mesmo a garantir que os trabalhos de metro de superfície deviam “arrancar em breve”, apesar de reconhecer a situação financeira do país, “caracterizada” pela escassez de recursos financeiros.

“É um trabalho que, acredito, até finais de 2016 ou 2017 começa a funcionar. Se for à Corimba, vai notar que as pontes para o lançamento da linha já estão construídas. O que falta é dar continuidade para avançar”, ilustrava na altura o governador de Luanda à imprensa.

Augusto Tomás, no entanto, esclarece que, um metro de superfície precisaria de energia em abundância, pelo que, para o caso de Angola, “é preciso dar passos que as nossas pernas permitem”.

Com a justificação da incapacidade financeira, o governante declinou antecipar qualquer data para a ‘retoma’ dos combóis ligeiros, um projecto integrado no Plano Director de Transportes e Logística da província de Luanda e que visa fazer face à procura que se regista na transportação de passageiros.

Consultado pelo VALOR, o economista Salim Valimamade considera o recuo do Governo “uma medida acertada”, classificando-a como uma decisão que se enquadra nas linhas orientadoras do Executivo para o cumprimento das metas do Orçamento Geral do Estado.

OGE INICIAL DE 2016 JÁ PREVIA VERBAS

No Orçamento Geral do Estado, inicial de 2016, o Governo previa investir cerca de 42 milhões dólares, em estudos, envolvendo a reestruturação dos sistemas de transporte em Luanda, entre os quais a construção de um metro de superfície.

Para o estudo e projecto-base do metro ligeiro de superfície da marginal da Corimba, em Luanda, previa-se uma verba de 1.088 milhões de kwanzas.

Para o ministro dos Transportes, a reabilitação e construção das infraestruturas de transportes rodoviárias, ferroviárias, marítimas e aeroportuárias, gastam “avultados investimentos, mas é necessário investir porque, sem elas, se torna difícil o desenvolvimento do país”.