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CRISE POLÍTICA NA MAIOR ECONOMIA LATINA

Michel Temer diz que não há crise económica no Brasil

10 Jul. 2017 Valor Económico Mundo

CRISE ECONÓMICA. Chefe de Estado brasileiro nega cenário de crise no seu país, mas reconhece que crise política, decorrente das investigações da operação anti-corrupção Lava Jato, tem afectado o ambiente.

 

O Presidente brasileiro, Michel Temer, rejeitou, na semana passada, que o Brasil esteja a atravessar uma crise económica e defendeu que a crise política não afecta o desempenho da economia, refere a agência Lusa. “Não existe crise económica no Brasil. Estamos a crescer no emprego, na indústria e no agronegócio.

Lá [no Brasil] não existe crise económica”, afirmou o chefe de Estado brasileiro, em Hamburgo, citado pelo jornal brasileiro O Globo. Temer participou na cimeira do G20 - grupo dos 20 países mais industrializados, que decorreu até sábado naquela cidade alemã.

A economia brasileira está no patamar de 2010. A taxa de desemprego situou-se nos 13,3% no trimestre encerrado em Maio, afectando 13,8 milhões de pessoas, a taxa mais elevada para este semestre desde 2012. Já a produção industrial, em 12 meses, recua 2,4%.

O Produto Interno Bruto (PIB) teve uma subida de 1% no primeiro trimestre deste ano, em comparação aos últimos três meses de 2016, mas influenciado, principalmente, pelo bom desempenho da agropecuária. Em comparação ao primeiro trimestre de 2016, o PIB caiu 0,4%.

Questionado se a crise política não atrapalharia a retoma do crescimento económico do país, Temer apenas disse “não”, fazendo um sinal negativo com o dedo indicador da mão. Segundo a Lusa, o Presidente justificou a viagem a Hamburgo, que tinha cancelado na semana passada.

“Haverá a reunião dos BRIC [grupo que reúne o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul], onde vamos discutir naturalmente o desenvolvimento desta aliança entre os cinco países e, de alguma maneira, participar nesta grande reunião, que é o G20, onde alguns temas fundamentais para os membros do grupo serão debatidos, entre eles o meio ambiente”, disse.

O ministro da Fazenda (Finanças), Henrique Meirelles, negou que o país esteja numa situação de “ingovernabilidade” – expressão utilizada pelo presidente do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) -, mas reconheceu alguma influência da crise política no desempenho da economia.

O ministro destacou, no entanto, a recuperação económica. “Existe, sim, uma certa diminuição do nível de confiança, mas num terreno positivo. Estamos bastante focados na agenda económica”, disse, citado pelo mesmo jornal. “A economia vai bem, que é o aspecto mais relevante.

O mercado tem mantido uma relativa estabilidade, e, do nosso ponto de vista, também continuamos com alguns ajustes de cronograma, trabalhando com os deputados, tendo em vista a aprovação das reformas”, disse. Segundo o governante brasileiro, a reforma do mercado laboral está a avançar e a reforma da Previdência (Segurança Social) deverá ser discutida no segundo semestre.”

Questionado se poderia continuar como ministro da Fazenda num novo governo, no caso da destituição de Temer, disse apenas: “Não trabalho por hipóteses”.

Sobre a mensagem que vai transmitir aos restantes países em Hamburgo, a propósito da crise política brasileira, Meirelles explicou que irá garantir que “o país prossegue com as instituições funcionando bem, dentro da Constituição e das normas vigentes”.

Em breve, a Câmara dos Deputados vai tomar uma decisão sobre a denúncia de Temer, referiu, acrescentando que a expectativa do Governo é que “não seja aceite”. “O mais importante, do ponto de vista dos ministros de Economia, é que a economia funciona bem e está a dar mostras de resiliência e de força neste período de alguma incerteza”, declarou.