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NA NIGÉRIA

Mina de calcário provoca conflito entre milionários dos cimentos

11 Dec. 2017 César Silveira Mundo

CONFLITO. Fábrica do homem mais rico de África reclama por uma mina, ocupada e explorada pelo o 5.º homem mais rico daquele país. As autoridades governamentas dão razão a Dangote, mas Abdulsamad recusa deixar a zona.

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Dois gigantes da indústria cimenteira da Nigéria e do continente africano estão em conflito por uma zona de mineira de calcário, uma das principais matérias-primas para a produção do cimento, naquele país.

Trata-se das empresas Dangote Cement e a BUA. A primeira pertence a Aliko Dangote, que é o homem mais rico da Nigéria e de África, enquanto a segunda é propriedade de Abdulsamad Rabiu, quinto homem mais rico da Nigéria e o 50.º do continente, segundo a Forbes.

O conflito, apesar de antigo, ganhou, na semana passada, novos contornos na sequência de uma missiva que o CEO do grupo BUA, Abdulsamad Rabiu, enviou ao presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, a solicitar intervenção.

Na missiva de 4 de Dezembro, o executivo, entre outras situações, acusava o ministério das Minas e Aço de tentar desviar o curso da justiça numa disputa entre dois dos líderes económicos.

Acusava ainda o Grupo Dangote de ter influenciado altos funcionários do referido ministério e feito recurso a homens armados, incluindo agentes do Estado para garantir que as interrompia as operações da BUA Cement em Okpella. Garantiu que alguns dos homens armados lhe confirmaram que eram leais ao grupo Dangote e provocaram danos na fábrica de cimento de mais de 1.000 milhões de dólares.

O empresário estima na missiva que os danos não foram maiores graças à oportuna intervenção do pessoal de segurança da BUA e agências de segurança, sublinhando não ter havido perdas humanas.

No entanto, no dia 6 de Dezembro, Mohammed Abass, chefe do ministério de Minas e Desenvolvimento de Aço, respondeu às acuações, descrevendo-as como “uma campanha injustificada de calúnia contra o ministério”. Acrescentou que a empresa de cimento estava a tentar chantagear o ministério para conceder uma permissão para operações ilegais.

O ministério diz que emitiu uma ordem de interdição da mina em disputa desde 2015, mas que o grupo BUA ignorou e continuou a trabalhar, quando o processo legal estava pendente. Acrescenta que a empresa, no passado mês de Novembro, reagiu com recurso às forças armadas para impedir o seu despejo.

“A administração do Grupo BUA vem usando milícias armadas, soldados e policiais para minas de mármore e calcário em locais de mineração alocados ao Grupo Dangote”, acusou, acrescentando que “nos registros do ministério de Minas e Desenvolvimento de Aço e do Gabinete de Cadastro de Mineração da Nigéria, o Grupo BUA não possuía uma locação de mineração no local contencioso e, portanto, está envolvido em uma mineração ilegal”.

Até ao fecho da edição, o grupo Dangote não se tinha pronunciado sobre o assunto. A única declaração pública, ligada ao grupo, tem que ver com um porta-voz que terá orientado a Reuters a contactar o ministério das Minas e Desenvolvimento do Aço para informar-se sobre o assunto.

DANGOTE ANUNCIA VENDAS ONLINE

Enquanto isso, a Dangote Ciment anunciou a aposta no comércio online resultado de uma parceria com a plataforma de ‘e-commerce Jumia Nigéria’. As vendas, segundo explicações, estavam destinadas a todos os interessados que quisessem comprar desde 300 sacos de 50 quilos e recebem o produto no ponto que indicarem sem nenhum custo extra para o transporte.

“Com o acordo, os nigerianos que precisaram de fornecimento contínuo de cimento da Dangote podem fazer pedidos, pagar online e aguardar a entrega em tempo recorde de qualquer fábrica de cimento mais próxima da Dangote para Lagos, Port Harcourt ou Abuja”, disse Key Account Director Chux Mogbolu.

Propriedade do Grupo Dangote, a Dangote Cimento é indústria totalmente integrada e tem projectos e operações na Nigéria e em outros 14 países do continente. A capacidade de produção total actual da Dangote Cemento na Nigéria a partir das suas três usinas de cimento existentes é de mais de 20 milhões de toneladas métricas por ano. Por sua vez, a BUA tem uma capacidade de produção de 3,5 milhões de toneladas métricas por ano.

 

*com Agências