Minagrip recusa-se a explicar “desastre” assumido pelo PR
DÍVIDA. Em Junho do ano passado, relatório interno da Agricultura apontava a morte de 42 bovinos ao longo da viagem Chade-Angola OVE Contabilizou cerca de 500 o total de animais mortos até então, incluindo os perecidos já em solo angolano.
Ministério da Agricultura e Pescas recusa-se a dar explicações sobre a situação do gado importado do Chade, como pagamento de uma dívida de 100 milhões de dólares a Angola, depois das declarações do Presidente da República, que classificaram o processo como um “desastre”.
Antes de João Lourenço, isto em Junho do ano passado, este jornal divulgou, em exclusivo, as conclusões de um memorando de recepção do primeiro lote de 4.351 bovinos, que davam conta da morte de pelo menos 42 cabeças, durante a viagem do Chade para Angola, devido ao “estado debilitado que apresentavam os animais”.
Com a recolha de vários dados que informam sobre a morte de centenas de outros animais já em solo angolano, o Valor Económico calculou em cerca de 500 o número de bovinos perecidos, pelo menos até Junho de 2021. Informação que acabou, entretanto, contestada pelo ministro da Agricultura e Pescas, António Francisco de Assis. “Não confirmo. Não é uma informação oficial do Ministério da Agricultura e Pescas”, declarou na altura. O governante garantira ainda que o gado adoecera no país, contrariamente ao que afirma o memorando de recepção do primeiro lote.
Menos de um ano depois, João Lourenço, sem precisar números, apontou o fracasso da operação, apesar de ter garantido também a continuação do processo “tão logo o sector da agricultura diga que é chegado o momento’’.
Face às declarações de João Lourenço, o Valor Económico recorreu então ao ministério gerido por Francisco de Assis, questionando nomeadamente sobre o número actualizado de bovinos mortos e os prazos de retoma do processo. Entretanto, depois de ter solicitado e recebido o questionário, respondeu que não daria respostas, remetendo esclarecimentos para uma oportunidade futura.
O chamado ‘memorando de recepção do primeiro lote de 4.351 bovinos’, elaborado por técnicos do próprio Ministério da Agricultura e Pescas que se haviam deslocado ao Chade, observa que, apesar de terem sido vacinados e tratados para o controlo das carraças, o gado se encontrava “num estado de desgaste nutricional, provocado pela escassez de pastos e superalimentação com torta de semente de algodão adquirida a partir da República dos Camarões”. Segundo ainda o referido documento interno, Angola havia recebido menos 149 cabeças que a quantidade prevista para o primeiro lote que seriam de 4.500. “E nenhuma informação técnica foi fornecida aos membros da comissão mista, quer em Angola, quer no Chade, da situação real e as ocorrências que foram registadas no percurso de Baiboukoun/ Chade a porto do Kribi/Camarões, visto que o efectivo previsto do primeiro lote não corresponde ao que foi registado na chegada em Luanda”, escreveram os técnicos.
A importação do gado resulta do ‘Protocolo de Modificação das Modalidades de Pagamento da Dívida do Chade com Angola’, assinado em N´Djamena, a 16 de Julho de 2019. A dívida está avaliada em 100 milhões de dólares, 80 milhões dos quais objecto de reembolso em espécie para a remessa de 75 mil bovinos (75% de novilhas e 25% de novilhos, com 2 e 3 anos de idade).
Para a operação de importação do gado, o Governo investiu cerca de 2 mil milhões de kwanzas (mais de 3 milhões de dólares), com fundos do Orçamento Geral do Estado.
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