DEPOIS DA 'FUGA' DE CLIENTES ESTRANGEIROS

Ministério coloca turismo interno entre as prioridades

SECTOR TURÍSTICO. Ministro da Hotelaria e Turismo, Paulino Baptista, elege a facilitação de acessibilidade a pontos turísticos e a atracção de investidores privados para exploração das potencialidades existentes. O objectivo é elevar a contribuição do sector no Produto Interno Produto (PIB) de 3% para 7% em 2020.

O Ministério da Hotelaria e Turismo e a Empresa de Transportes Rodoviários ‘Ango Real’ rubricaram um acordo que visa a disponibilização de uma frota de veículos para apoiar o turismo interno.

As viaturas adaptadas às diversas actividades turísticas, de acordo com o director do Infotur, Eugénio Clemente, serão disponibilizadas às agências que têm parceria com o Ministério, sempre que solicitadas para roteiros.

Segundo dados do órgão ministerial, em Angola o turismo de negócio, o que decorre essencialmente da entrada de investidores estrangeiros, é ainda o mais frequente.

O sector contribui actualmente com 3% para o Produto Interno Bruto (PIB), sendo que o objectivo é elevar a representação até 2020 para os 7%. Neste sentido, o ministro da Hotelaria e Turismo, Paulino Baptista, tem como principal aposta o fomento do turismo interno. Para tal, elegeu a facilitação das acessibilidades aos pontos turísticos e a atracção de investidores privados para a exploração das potencialidades existentes. “Devemos fomentar a acessibilidade aos destinos turísticos, considerando que o turismo é um contribuinte indispensável para a diversificação da economia, para a saída da crise”.

Durante as jornadas do Dia Mundial do Turismo, assinalado a 27 de Setembro, foram inaugurados três hotéis, de três estrelas em Luanda, Huíla, Lubango, bem como um aldeamento turístico na Lunda-Sul.

INAUGURAÇÕES EM TEMPO DE QUEBRA 

As inaugurações acontecem numa altura em que o sector hoteleiro viu a taxa de ocupação cair pelo menos 25% nos últimos dois anos, de acordo com dados oficiais. No entanto, as receitas do turismo em 2015 totalizaram 1,6 mil milhões de dólares, com a entrada de 592 mil turistas, número que representa uma subida de cerca de 6,7% em relação a 2014, em que as receitas ficaram em 1,5 mil milhões de dólares.

O Ministério ainda não contabilizou o número de turistas internos. Segundo o responsável de estatística, Januário Mara, está em preparação uma ficha de inquérito para medir o fluxo deste segmento.

PROJECTOS NO PAPEL

Muitos programas e projectos enquadrados no Plano Nacional de Desenvolvimento do Turismo estão ‘encravados’ por falta de financiamento. Mas outros mereceram prioridade. São no total 21 que estão já em execução, de acordo com dados fornecidos pelo Gabinete de Estatísticas do Ministério da Hotelaria e Turismo, há um ano.

Os que estão em execução passam pela criação de infra-estruturas, reparação de estradas, linhas férreas, aumento das rotas aéreas, promoção do turismo interno, expansão da rede hoteleira, exploração do projecto Okavango-Zambeze (KAZA), das ‘Sete Maravilhas’ e dos pólos de desenvolvimento turístico por parte dos investidores privados.

CARTÃO SEM ACORDO

O cartão turista, anunciado há dois anos pelo Instituto de Fomento do Turismo (Infotur) com vista a permitir ao titular beneficiar de descontos em serviços de hotéis, restauração e bilhetes de passagem nas companhias aéreas que aderirem à iniciativa, até ao momento não saiu do papel devido às exigências dos operadores.

O director do Infotur afirmou, ao VALOR, que, até ao momento, ainda não se chegou a um acordo com os parceiros, operadores turísticos e com a banca. Os encontros triangulares sobre a forma de funcionamento do mesmo continuam.

CERCA DE 200 HOTÉIS EM TODO PAÍS

O número de hotéis e ‘resorts’ tem crescido “de forma positiva, o que representa uma evolução do sector turístico”, de acordo com Paulino Baptista.

À imprensa, o responsável referiu que, de 1988 a 1997, o país contava apenas com 32 hotéis sob tutela da Ango Hotel, empresa pública de hotelaria, e 39 unidades hoteleiras adstritas à Improtel, empresa pública provincial, que eram assegurados por 17.512 trabalhadores.

Dados oficiais indicam que o país tem 194 hotéis, 1.402 meios complementares de alojamentos e 4.845 restaurantes e similares. Estima-se que este sector empregue perto de três mil pessoas.

ÁGUA E LUZ PESAM NOS CUSTOS 

O director-geral do Hotel Presidente, Nuno Moura Santos, exige benefícios fiscais para o fomento do turismo interno. O gestor justifica que “os preços praticados em Angola não reflectem os custos operacionais”, sobretudo com a mão-de-obra. “Há coisas que pesam na decisão final da adesão aos programas de fomento do turismo, como os custos com a água, energia e os impostos”, explica.

OS PRINCIPAIS DESTINOS

Vários pontos turísticos constituem lugares para quem deseja fazer turismo. A entrada faz-se pelo aeroporto internacional ‘4 de Fevereiro’, mas também pode ser feita por via terreste, através das fronteiras de Cabinda, Moxico, Uíge e Santa Clara, no Cunene.

A Bacia do Okavango, na província do Kuando-Kubango, a Barra do Dande, no Bengo, as Cachoeiras do Binga, Kwanza-Sul, as Fendas da Tundavala e a Serra da Leba, na Huíla, o Deserto do Namibe, o Morro do Moco, no Huambo e a Ilha do Mussulo em Luanda, são alguns postais turísticos de Angola, que podem ser completados por outras “ maravilhas”. As ‘Sete maravilhas’ estão a ser estudadas para investimentos futuros.

BOLSA OKAVANGO COM  NOVO PARCEIRO 

O Infotur reagiu à notícia do VALOR, que dava conta do adiamento da Bolsa Internacional do Turismo/Okavango. A informação foi prestada pelo director de relações institucionais e comunicação e imagem da FIL, Salvador Cardoso, por telefone, no dia 21 de Setembro, e reiterava o adiamento da referida feira para Novembro, assim como de todas as outras adiadas, omitindo o fim da parceria com o Infotur.

Entretanto, Eugénio Clemente, director do Infotur, esclarece que “a 5.ª edição da Bolsa Internacional do Turismo ‘BITUR/ OKAVANGO’ vai ser realizada de 13 a 16 de Outubro, no Centro de Convenções de Talatona (CCTA), em Luanda, e que, ao contrário das edições anteriores, em que o evento acontecia no espaço da FIL, numa promoção conjunta com a Feira Internacional de Luanda, este ano foram alterados o local e o parceiro”. Ou seja, a FIL não faz parte da organização.

A BITUR/OKAVANGO esclarece que a feira passará a ser realizada no CCTA, numa parceria entre o Infotur e o Grupo Arena, ao invés da FIL, como foram as edições anteriores.