CRIAÇÃO DE ASSOCIAÇÃO ESTÁ NA FORJA

Moageiros do Catinton unidos querem gasóleo subvencionado

MOAGENS. Para solucionar problemas que afectam, moageiros, do Catinton, em Luanda, estão a preparar uma associação. Aqueles empreendedores do mercado informal querem que o combustível seja financiado pelo Estado.

Proprietários de pequenas moagens, instaladas no mercado do Cantinton, no bairro Kassequel, em Luanda, pretendem criar uma associação para funcionar como intermediária na resolução de interesses comuns junto das autoridades governamentais.

Segundo António Lino, proprietário da moagem número 40, são vários os problemas que afectam as moagens do Catinton. Um dos principais desejos daqueles empreendedores é que o Estado subvencione o combustível para aquela actividade. Uma outra situação que os apoquenta são os preços de peças sobressalentes. A reparação de um motor de moínho, por exemplo, custa entre os 20.000 e os 40.000 kwanzas, enquanto uma bateria está a volta de 40.000 kwanzas.

Por insuficiências de eletricidade da rede pública, aqueles homens de negócios passaram a investir em motores a diesel, com energia autónoma. Noutros casos, recorrem a energia de geradores, o que encarece o desenvolvimento do negócio. Aí estão instaladas mais de 20 moagens e cada uma consome entre 15 a 20 litros de gasóleo por dia. Feitas as contas, por semana, gastam, só de combustível, entre 13.000 e 16.000 kwanzas, tendo em conta que litro de gasóleo custa 130 kwanzas. Os donos dos moínhos têm ainda de pagar, entre cinco e dez mil kwanzas, de renda dos espaços em que estão instaladas as pequenas fábricas de transformação do milho e bombo. “Precisamos de ajuda, queremos que o Governo vele pela nossa área, porque estamos a tentar sobreviver. As peças sobressalentes estão muito caras. Não dá para parar, mas também não estamos conseguir avançar”, lamenta António Lino, acrescentando que a associação já estava minimamente formada, tendo o processo paralisado, pelo facto de o ‘candidato natural’ à presidente da organização ter mudado de zona. “Agora estamos a criar mecanismos para dar continuidade do processo”.

Apesar de não registar baixas no fluxo de clientes, nos últimos dois anos, as moagens da Praça do Cantinton baixaram os preços, como consequência do aumento de número de unidades naquela circunscrição. Anteriormente, os que cobravam 700 kwanzas para moer 50 quilos de bombó, passaram a 500 kwanzas, enquanto os que praticavam o preço de 500 kwanzas para a mesma quantidade, agora cobram 300. Praticando estes preços, explicaram, a facturação dificilmente ultrapassa os cinco mil kwanzas/dia.

“Não podemos aumentar os preços, porque corremos o risco de perder os poucos que clientes temos. Há dias que fazemos três mil kwanzas e dias que fazemos cinco mil kwanzas. Os preços estão baixos, porque estão a surgir muitas moagens. Estamos aqui só já para sobreviver, não temos onde ir”, queixa-se Manuel Magalhães, funcionário da “Moagem do Tio António”, desde 2005.

Quem ainda tem mais motivos para lamentar é Augusto Perame, que mal começou a ‘carreira de moageiro’ deparou-se com uma avaria no motor do seu moínho. Isso, consola-se o visado, é como uma viatura, que a qualquer momento pode ter avaria. Há menos de um mês na actividade, Augusto Pereme tem a máquina paralisada há uma semana.

Já no mercado do Quilómetro 30, em Viana, as moagens não ‘sofrem’ dos mesmo problemas que as do Catinton. A facturação diária, por exemplo, atinge com alguma normalidade os dez mil kwanzas. Miguel Jerónimo, 27 anos, que trabalha aí desde 2010, conta que há dias que chega a fazer 15 mil kwanzas. Embora os custos de operação sejam ‘elevados’, o fluxo de clientes no Quilometro 30 é superior ao do Catinton.