ANGOLA GROWING
LUÍS CONTREIRAS, PCA DA PALM CONFECÇÕES

“Modelo da FILDA deveria incluir passeio às províncias”

ENTREVISTA. Presidente do conselho de administração da Palm Confecções defende um novo modelo de feira que inclua passeios às províncias. Presente na Filda, empresário revela que perdeu clientes, nos últimos anos, e que baixou a facturação para metade.

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O que se ganha com a participação nas feiras?

Muito. A interacção com várias empresas e a troca de contactos e de ideias que, em muitos casos, terminam em bons negócios. As feiras estimulam o ambiente de negócios. No mundo global, as empresas não podem ficar fechadas, devem estar em contacto com os fornecedores e clientes.

Há negócios da Palm confecções conseguidos por via da Filda?

Muitos. Temos exemplos de empresas estrangeiras que se tornaram nossos fornecedores. Temos o caso da Biocom a quem fornecemos uniformes. Os primeiros contactos foram feitos numa feira. Temos também o caso da Macon e tantas outras. As feiras têm uma extrema importância e defendo que não deviam ser realizadas apenas com periodicidade anual, mas que fossem trimestrais ou semestrais.

Em Angola, já se realizam feiras sectoriais. Não servem?

Defendo as duas coisas. Podemos ter uma feira anual que englobe todos os sectores trimestralmente, de quatro dias, por exemplo, e feiras nos moldes que o país já faz. A interacção seria quase permanente.

O Governo continua a ser o promotor das feiras, contratando empresas especializadas para a sua produção. É assim que deve ser?

Não, as feiras deveriam ser promovidas por empresas com capacidade organizativa, mas, no contexto em que o país se encontra, o Governo é ainda o único com capacidade para realizar feiras multissectoriais. Tem espaço, como é o caso da Zona Económica Especial, que, se fosse um privado a organizar, teria de pagar. As empresas estão sem capacidade financeira, portanto, o Estado, por enquanto, é que pode mover meios. Mas, no futuro, deve ser atribuída essa função às empresas.

Já participou em alguma feira internacional?

Sim. Na Índia e, este ano, vamos participar na Turquia e na China.

O modelo da Filda é semelhante ao de outros países?

Não. Noutras paragens, há particularidades que a nossa ainda não apresenta. A feira não é apenas para expor produtos, deve ser um espaço para se explicar aos visitantes o sistema económico de um país, a história do modelo económico. Os convidados não podem ficar confinados no espaço na Filda. Deveriam andar pelas províncias para se informarem melhor e saírem seguros de que o país é viável para se fazerem investimentos. Deviam criar-se programas de passeios. É esse o conceito de feira, mas as realizadas em Angola ainda não oferecem esta facilidade.

Que novidades a Palm Confecções apresenta na Filda?

Vamos levar os nossos produtos habituais. Uniformes profissionais e de segurança de trabalho são a nossa especialização, temos uma capacidade actual de seis mil peças por dia. Infelizmente, devido à situação desfavorável que o país vive, a compra de uniformes deixou de ser prioritária e as nossas vendas baixaram consideravelmente na ordem dos 50%, mas continuamos a funcionar.

Qual é a facturação anual da Palm Confecções?

A Palm Confecções é como qualquer empresa angolana. Hoje tem as portas abertas, mas o volume de negócios baixou. Estamos a funcionar a 20% da capacidade instalada, isso desde 2014. Temos muitas máquinas paradas, fomos obrigados a reduzir o pessoal, em mais de 50%, ou seja, de 520 funcionários para 250, porque o Estado, que era o nosso principal comprador, está sem poder financeiro para fazer aquisições de fardas. As empresas privadas, muitas delas fecharam ou estão a sobreviver à crise e, por isso, não têm o uniforme como prioridade. A nossa facturação anual está à volta de três a quatro milhões de dólares, contra os 10 a 15 milhões de dólares anuais, antes da crise.

Em média, quanto investe para participar na Filda?

Nesta edição, investimos cerca de seiscentos mil kwanzas.