Moedas de referência ‘desvalorizadas’ duas vezes pela segunda semana
CÂMBIOS. Há duas semanas que o peso de três principais moedas internacionais não param de baixar. Enquanto o dólar se mantém nos 166,7 kwanzas pela terceira semana, o euro, o yuan e o rand caminham no sentido contrário, com a segunda queda registada em 11 dias. A Libra caiu uma vez, recuperou à segunda.
Três das cinco principais moedas de referência internacional viram o seu valor de mercado cair face ao kwanza pela segunda vez, num espaço de duas semanas. O euro, o yuan e o rand fecharam a semana passada com quedas de 0,9, 0,3 e 3,6%, para menos de dois kwanzas face ao anterior preço de venda, de acordo com cálculos do VALOR, com base nas médias semanais de câmbio.
Na mesma semana, o preço do euro fixou-se nos 188,1 kwanzas, o yuan nos 25,4 kwanzas e o rand, a moeda sul-africana, nos 10,6 kwanzas. Estes valores comparam com os da semana de 9 a 13 de Maio, período em que, no grupo das cinco, quatro moedas acabaram em terreno negativo: euro, com 189,9 Kz (-1,5); libra, com 240,6 (-2,4); yuan, com 25,5Kz (-0,4); rand, com 11,0 kz (-0,4).
A contribuir para o abaixamento do valor de mercado das moedas estará a forte valorização do dólar norte-americano, que, de Janeiro a Abril, se fortificou sete vezes face ao kwanza, e a oscilações constantes dos preços do barril do petróleo no mercado internacional de commodity.
Fazem parte do grupo das cinco principais moedas internacionais o dólar, o euro, a libra, o yuan, da China, e o rand sul-africano, numa lista elaborada semanalmente pelo VALOR, cujas variações cambiais são publicadas todas as semanas na capa deste jornal, com base nos dados oficiais.
Apesar da tendência de desvalorização das moedas de referência face ao kwanza, a libra teve uma recuperação ligeira na semana imediatamente a seguir. Ou seja, depois de acabar a semana de 9 a 13 de Maio no ‘vermelho’, a moeda inglesa valorizou-se 0,1%, para 241,0 kwanzas.
O dólar, a principal moeda de referência, mantém comportamento estável desde a penúltima semana de Abril. Ou seja, de 18 de Abril até 20 de Maio, o preço do dólar manteve-se nos 166,7 kwanzas, depois de ter valorizado 6,6%, de Janeiro a 15 de Abril deste ano.
Se no mercado formal o preço do dólar se mantém estável, conservando os anteriores 166,7 kwanzas desde a última alteração, o mesmo não acontece com os preços praticados no mercado paralelo de divisas.
Para cada dólar, as ‘kinguilas’ já estão a cobrar 620 kwanzas nalguns pontos de Luanda, com variações que vão entre 570 e 620 kwanzas, alterações que começaram a surgir na semana a seguir à reunião do Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA), que pediu a intervenção dos bancos comerciais e da polícia nacional no processo de combate à venda ilegal de divisas.
RECADO DO BANCO CENTRAL À POLÍCIA
A cruzada contra o negócio de divisas no mercado informal poderá contar com a intervenção das forças da ordem, depois de o Banco Nacional de Angola ter apelado, na última semana de Abril, para a intervenção da polícia e dos bancos comerciais no ‘esquema’ que tira do circuito legal a circulação do dólar.
“Face à escassez de divisas que se observa na economia, o CPM recomenda aos bancos comerciais, para que, em conjunto com os agentes económicos, efectuem uma afectação criteriosa dos escassos recursos disponíveis de maneira a contribuírem para a satisfação das necessidades essenciais da população dentro das prioridades definidas pelo Executivo”, orientou o banco central, na reunião de 29 Abril.
Os bancos e os agentes económicos vão contar ainda com a intervenção das “autoridades competentes”, nomeadamente a polícia nacional, a quem o BNA pede “ o maior controlo e responsabilização dos agentes promotores do mercado informal de moeda estrangeira”.
MANTER POUPANÇAS DAS FAMÍLIAS
Entre os objectivos do novo governador do BNA no combate às ‘kinguilas’ e aos agentes facilitadores do câmbio informal, sobressaem a preservação das poupanças das famílias e demais agentes económicos. Válter Filipe Duarte da Silva quer potenciar ainda, com a medida, o aumento dos níveis de produção interna, além de prevenir as acções que promovam o branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo.
“O CPM incita os bancos comerciais a operarem, segundo as normas prudenciais e as boas práticas internacionais, no combate ao branqueamento de capitais e à fuga de divisas, no sentido de encontrarem soluções inovadoras e atractivas que contribuam para a preservação das poupanças dos agentes económicos no geral e das famílias”, impõe o BNA.
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