Moto-taxistas acusam Amotrang de extorsão
TRANSPORTES. Dizem-se coagidos a pagar diariamente quotas de 100 kwanzas sem que tenham qualquer benefício ou protecção da Amotrang. Associação rejeita as acusações e lamenta que, por falta de pagamento, haja projectos adiados.
Moto-taxistas de Cacuaco e Viana não filiados à Amotrang (Associação dos Motoqueiros Transportadores de Angola) acusam os fiscais desta associação de coagi-los a pagarem quotas diárias de 100 kwanzas, apesar de ser uma obrigação reservada aos moto-taxistas associados.
Segundo denunciam, nos casos em que não desembolsam as quotas, são privados de prosseguir com a actividade e, em situações extremas, ficam com os meios de trabalho apreendidos. “Os fiscais colaboram com a Polícia. Se não quiseres pagar, levam compulsivamente a moto por causa dos 100 kwanzas. Já levaram mais de três vezes a minha motorizada, tive de pagar três mil kwanzas para tê-la de volta”, conta Leonardo Kamissi, há quase seis anos a trabalhar como moto-taxista.
O jovem não está associado à Amotrang, por isso não se sente obrigado a pagar quota diária quando opera unicamente na zona adjacente à vila de Viana. Pelo tempo no ofício, a maior parte dos fiscais conhece-o, mas tem sido testemunha, diversas vezes, de conflitos entre colegas, fiscais da associação e agentes da polícia.
Por não se rever na associação que zela pelos seus direitos, Eduardo Adriano, moto-taxista há oito anos, decidiu desassociar-se. Garante nunca ter sentido a mão solidária diante de problemas de qualquer natureza, mesmo com as quotas todas em dia. Ainda assim, explica que, para evitar conflitos, paga mensalmente 1.500 kwanzas de quota. “Apesar de pagar a quota, nunca recebi ajudas, inclusive quando se tem problemas, principalmente com a Polícia, os fiscais não ajudam na mediação, fazem-se de cegos”, desabafa.
No entanto, Bento Rafael, presidente da Amotrang, contraria os moto-taxistas. Garante que a organização tem prestado assistência aos associados em questões de saúde e formação. E nota que, dos 23 mil associados em todo o país, pelo menos 13 mil obtiveram carta de condução, graças ao pagamento de quotas numa parceria entre a associação e a Polícia Nacional.
Rafael explica que deixou de cobrar taxa em vários pontos da capital por causa dos interesses das administrações municipais. Nas zonas em que faz cobrança, milhares de moto-taxistas não pagam. Cita o exemplo de Cacuaco, onde cobra apenas nos arredores perto do mercado do Kikolo. Por dia, em média, recebe 3.700 kwanzas, valores repartidos em percentagem com a administração. Já, em Viana, arrecada sete mil kwanzas diariamente, perfazendo um total de 210 mil por mês.
Apesar disso, o presidente da Amotrang classifica os últimos tempos como "tristes". A falta de pagamento de quotas adiou vários projectos da organização, como foi o caso do centro de saúde.
Quanto à formalização da actividade, Bento Rafael refere que está para breve essa efectivação. “A associação fez chegar às autoridades todo o suporte necessário para a legislação", assegura.
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