ANGOLA GROWING
CARLOS LOPES, ECONOMISTA E INVESTIGADOR

Muitos dos nossos empresários aproveitam-se do dinheiro do Estado e canibalizam os recursos públicos

08 Mar. 2023 Grande Entrevista

Especialista premiado em economia informal, defende a necessidade de o Governo rever a lógica com que se pensa a economia informal até porque compreende as razões que levam ao desinteresse dos empresários. Propõe uma forte aposta na formação profissional para “mudar mentalidades”, e contesta a forma como se gasta dinheiros públicos, criticando os gestores que só pensam em luxos. Classifica ainda o sector privado como “pouco dinâmico” e “muito pouco proactivo” e com defeitos equivalentes aos das instituições do Estado.

Muitos dos nossos empresários aproveitam-se do dinheiro do Estado e canibalizam os recursos públicos

Qual é o estado atual da investigação científica em Angola?

Está ainda numa fase embrionária, porque a maioria das instituições de ensino superior, apesar de obrigadas formalmente a produzir investigação cientifica, infelizmente, não dão condições para que docentes e alunos possam desenvolver investigações de forma significativa. Foi criada recentemente uma instituição pública ligada ao Ministério do Ensino Superior, a Fundação para a Ciência e Tecnologia (Fundecit), que vai apoiar, presumivelmente, o desenvolvimento da investigação científica. A verba orçamental que o Estado atribui para a investigação científica é insuficiente. Os países mais desenvolvidos são aqueles que mais investem na investigação científica. Há uma correlação positiva entre o dinheiro que é gasto na investigação científica pelos países e o que resulta desta investigação que são apropriados pelas empresas que permitem melhorar a qualidade, agregação de riqueza e de conhecimento. Nós, infelizmente, estamos ainda numa fase inicial e vamos esperar que as coisas melhorem.

 Acredita que esta fundação poderá satisfazer os anseios dos académicos?

Não sou pessoa de fé em termos de religião. Sou agnóstico, portanto, a questão não se pode colocar do ponto de vista da fé. Se olharmos para o panorama do funcionamento institucional em Angola em geral, a minha perspectiva é de que temos ainda uma grande fragilidade institucional em boa parte das instituições, quer públicas, quer privadas, onde há uma série de processos que não avançam por razões que, às vezes, são difíceis de explicar. Sobre a Fundecit, tenho um bocadinho mais de esperança, porque na base estão académicos, professores e investigadores que estarão, naturalmente, interessados em fazer a fundação funcionar.

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