NÃO BASTA DIZER QUE NÃO HÁ DINHEIRO
A incapacidade do Governo de gerir a crise de greves que tomou de assalto o país é, no mínimo, perturbadora. Mais chocante é, se tivermos em conta que estão também em causa sectores tão específicos quanto vitais.
Qualquer paralisação que afecte massivamente a população provoca necessariamente o caos, isto é um facto. Mas a Educação, a Saúde e a Justiça mereciam ser tratadas com a distinção que exigem, doesse a quem doesse. Ainda que a contragosto, cruzar os braços não é uma opção para o Governo. João Lourenço e os seus auxiliares deviam ter em conta que não há alternativa a uma solução de compromisso de cumprimento obrigatório. Porque, mesmo que não sejam atendíveis no seu todo, todas as exigências são legítimas.
É perfeitamente compreensível que professores catedráticos exijam salários acima de 2 milhões de kwanzas. É aceitável que médicos angolanos queriam o salário-base na fronteira do milhão de kwanzas. Assim como os funcionários do Tribunal Supremo imporem condições equiparáveis às dos seus colegas de outros tribunais superiores. E o Governo, ainda que seja alérgico à verdade e à transparência, tem de negociar até à exaustação com verdade e transparência e sem arrogâncias.
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