ANGOLA GROWING
Henrique Doroteia, presidente da Associação de Jogos

“Não há em África impostos de jogos mais altos do que tem Angola”

15 Nov. 2023 Grande Entrevista

Entende que a pandemia da covid-19 foi “boa”, por um lado, pelo facto de retirar do mercado casinos sobretudo de cidadãos de origem asiática encobertos por angolanos, que funcionavam como negócios ilegais. Henrique Doroteia defende a redução do imposto de jogos para os 16 a 17% no sentido de animar o sector e uma actuação do Instituto de Supervisão de Jogos (ISJ) mais actuante a abrangente. Para o presidente da Associação de Jogos, é impossível estabelecer um limite monetário nas apostas dos jogadores.

 

“Não há em África impostos de jogos mais altos do que tem Angola”

Muitos casinos fecharam portas nos últimos tempos. O sector dos jogos não suportou a crise?

A crise é uma coisa má, mas também é uma coisa boa, serve para separar o trigo do joio. Ou seja, depois da crise, só ficam as plantas que, efectivamente, têm força técnica e económica. No caso dos casinos, os chineses faliram todos, outros coligaram-se. O caso do Casinos de Angola, que é a Pluris Jogos, faliu completamente por várias questões societárias e administrativas. Fui administrador da Pluris Jogos até 2019. Quando a minha administração saiu, deixámos os salários todos em dia, a partir daí só receberam um salário e nunca mais receberam até hoje. A Pluris Jogos tem muito património, está a vendê-lo para pagar os trabalhadores, nunca mais retomará a actividade. Os que ficam [no mercado] são os melhores, que têm maior capacidade técnica e económica. É a lei do mercado e é normal.

Não havia formas de se evitar este cenário de desaparecimento de empresas?

Também há exigências do Instituto de Jogos. É uma instituição recente. Tem por missão fiscalizar e controlar o sector de jogos, tem aperfeiçoado, vindo aprender nestes anos e tem desenvolvido melhor o seu trabalho. Ainda não é perfeito, tem muito a crescer, obriga que muitos tenham que encerrar. A pandemia obrigou as casas fecharem durante dois anos, o que não aconteceu, por exemplo, com a restauração que abriam e fechavam quando estava pior. O sector dos jogos ficou essencialmente dois anos parado, mas os serviços mantiveram-se. Era necessário pagar a limpeza dos equipamentos, ter segurança e pagar os arrendamentos, tudo isso exige dinheiro.

Faltou incentivo às empresas do sector no âmbito do alívio económico?

O Estado aqui não tem nada a dizer. Os privados têm de ter capacidade técnica e económica para resolver. Este não é um negócio de só chegar e meter dois tostões ou mil kwanzas e tirar 10 ou 50 mil, não é nada disso, tem de se ter capacidade de gerir. O dinheiro que entra no casino não é todo do dono, tem de se pagar prémio aos jogadores, impostos ao Estado, as comparticipações ao Instituto de Jogos e pagar os funcionários. É isso que se tem de saber gerir.

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