PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AO SECTOR PETROLÍFERO EM DECLÍNIO

Negócios caem mais de 50%

PETRÓLEO. Vários trabalhadores de empresas prestadoras de serviços à indústria petrolífera foram despedidos, nos últimos dois anos, por causa da redução da carteira de negócios.

O volume de negócios das empresas prestadoras de serviços às produtoras de petróleo caiu de 20 mil milhões para menos de metade, nos últimos dois anos, segundo o presidente da Associação das Empresas Contratadas da Indústria Petrolífera Angolana (AECIPA). Bráulio de Brito não confirma informações que dão conta de que algumas empresas do sector estariam em vias de encerrar portas, mas garante que a crise do preço do barril do crude provocou uma redução na ordem dos 50% da carteira de negócios dessas firmas.

Houve, por exemplo, contratos assinados que não foram implementados, . “Um dos principais impactos é a redução drástica dos serviços disponíveis, por haver pouca rentabilidade. Há poucos serviços e incentivos para que se crie novos projectos”, declara. Criada em 2002, a AECIPA é constituída por 150 empresas e até 2015 representava cerca de 20 mil postos de trabalho. Mas, por força da redução dos serviços, boa parte dos trabalhadores têm sido despedidos. Ainda não há informações estatísticas sobre o número de funcionários que `já foram para casa´. A associação está a recolher os dados juntos das empresas. “Não é uma situação fácil de conviver. Temos de despedir pessoas que são o suporte das suas famílias. Torna-se mais difícil ainda por se tratar de angolanos”, lamentou Bráulio de Brito.

As operadoras reclamam também pelos constrangimentos no acesso às divisas. Não conseguem fazer pagamentos aos fornecedores fora de Angola e sentem dificuldades na conversão de salários em dólares para kwanzas. “Temos interacções com o Ministério dos Petróleos para encontrarmos uma base de ajustamento da conversão. Estamos à procura de um alinhamento para que nem os trabalhadores nem as empresas sejam prejudicados”, revela.

Bráulio de Brito aconselha as filiadas da associação a procurar outros mercados. Para exemplificar, aponta as operadoras que prestam serviços nas áreas de catering, metalomecânica e soldaduras. “Estes momentos devem servir para se criar processos de optimização. Podemos servir outros mercados. É uma questão de enquadramento”, sugere.

A AECIPA, por estar relacionada com actividades petrolíferas, tem uma actuação que passa por encontros regulares com as principais instituições ligadas ao sector, como o Ministério dos Petróleo, Sonangol, a Administração Geral Tributária, bancos e Serviços de Migração e Estrangeiros. “Em conjunto procuramos mitigar as questões resultantes da baixa do preço do petróleo”.

Num `mar de muitas dificuldades´, a associação, segundo o seu presidente, conseguiu resolver pelo menos um dos grandes problemas que abalava as fornecedoras à indústria petrolífera: os vistos de trabalho para colaboradores estrangeiros. No passado, os técnicos expatriados pelas prestadoras de serviços levavam meses para ver autorizadas as entradas no território nacional. Actualmente, o processo leva menos de um mês e envolve a intervenção do Ministério dos Petróleos.

Bráulio de Brito não acredita que o preço do barril de petróleo volte aos 100 dólares, “tão cedo”, mas começa a ver alguma recuperação. O dirigente associativo confia que Governo esteja a tentar atenuar e criar incentivos de vária ordem, até fiscais, para motivar as empresas.