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Teixeira Cândido, Secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos

“O combate à corrupção passaria pela independência dos juízes, da PGR, pela melhoria do salário de todos...”

07 Dec. 2022 Valor Económico | PEDRO MOTA Grande Entrevista

 

Com a sede do SJA atacada por duas vezes, Teixeira Cândido não duvida que haja uma ‘mão’escondida. E vê, no acto, uma ameaça aos jornalistas e à liberdade de imprensa, até porque junta outros episódios que tiveram como alvo recente os jornalistas. Preocupado com o rumo do país, o líder sindical não esconde as simpatias pelas reivindicações de outros trabalhadores, contesta o trabalho dos juízes e é muito crítico com a falta de independência entre magistrados e o poder político. 

“O combate à corrupção passaria pela independência dos juízes, da PGR, pela melhoria do salário de todos...”

Como estamos em termos de liberdade de imprensa?  

É uma pergunta muito abrangente, porque, para avaliarmos a liberdade de imprensa, temos de olhar para vários pressupostos. Por exemplo, para o número de órgãos existentes. Se estivermos a falar de rádios, sim, hoje temos vários canais, mas maioritariamente em Luanda. Nas outras províncias, uma ou outra tem, além da Rádio Nacional e da Rádio Ecclesia, mas grande parte das outras províncias não tem. É verdade que o número de rádios cresceu, mas só temos televisão em Luanda; imprensa escrita só temos em Luanda e, no cômputo geral, temos basicamente três jornais impressos. Continuamos a ter alguns jornais em formato digital e em PDF, mas a maioria imigrou para o formato online.

No caso da televisão, desde logo não é barato o investimento e nem é fácil…

Sim, não é muito fácil no contexto actual por duas razões. Primeiro, por razões das exigências legais que não fazem qualquer sentido. A Lei de Imprensa revista, apesar de ter reduzido o valor de 800 para 500 milhões de kwanzas, não é para um cidadão mortal. Não estou a ver alguém com capital, ou com património avaliado em 500 milhões de kwanzas. Ainda que se juntem três ou quatro, 10, 20, todos os jornalistas do país, não são capazes de constituir uma televisão, o que é uma limitação. Ou seja, a partir da lei, limita-se o direito de os cidadãos constituírem uma televisão. Os órgãos impressos estão completamente de rastos. Quase não temos jornais, lê-se em Luanda e os jornais editados em Luanda, como por exemplo, o Jornal de Angola, Novo Jornal, Expansão. Temos o Valor Económico, tem outros que continuam no formato digital, porque está difícil tê-los no formato físico, e os que são impressos não chegam a cinco mil exemplares.

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