ANGOLA GROWING
CONCEIÇÃO VAZ, EMPRESáRIA E ESPECIALISTA DE INVESTIMENTO ESTRANGEIRO

“O investimento doméstico foi seriamente comprometido pela forma como foi conduzido o combate à corrupção”

Nomeações de embaixadores, sem ter em atenção os perfis adequados, põem em causa os objectivos da diplomacia económica, alerta Conceição Vaz, especialista em investimento estrangeiro, que defende também a reestruturação do Ministério das Relações Exteriores, para tornar-se mais focado na captação de investimentos no exterior. Para a empresária, o Presidente João Lourenço deve tomar medidas extraordinárias para alavancar a economia e aponta que a forma como foi anunciado e conduzido o combate à corrupção comprometeu internamente o ambiente de negócios.

“O investimento doméstico foi seriamente comprometido pela forma como foi conduzido o combate à corrupção”

que é crucial fazer para que haja um ‘boom’ na economia angolana?

Eu lembro de ter dado uma entrevista, no primeiro mandato de João Lourenço, em que disse alguma coisa como a seguinte: “situação extraordinária obriga a medidas extraordinárias”. Uma situação extraordinária não se responde ou se gere com pensamentos ou ideias correntes. Eu assumo uma empresa, faço levantamento da situação da empresa e aquelas questões que encontro de urgente têm um tratamento. Depois, quando a situação normaliza, eu crio regras de funcionamento, que obriga a um fluxograma de comunicação e acção de normalidade. Antes, eu tenho que conter a situação extraordinária, para torná-la ordinária. A mim pareceu que o Presidente João Lourenço assumiu o país num momento de particular dificuldade. Não tínhamos medicamentos nas farmácias, tínhamos uma inflação terrível, não tínhamos divisas, tínhamos problema de toda a ordem. Era um momento de medidas extraordinárias e penso que criou algumas, quando criou um programa de estabilidade macroeconómica. Mas teve um agravante, quando assumiu o país, muitas empresas estavam a fechar e nem tinham como pagar os fornecedores. Ficaram sufocadas e tiveram que despedir pessoas. Para piorar, aparece a covid-19. Houve até deslocalização de investimentos, como a Cuca, que teve que deslocar uma linha de produção, penso, para o Togo. Se ele queria dar a volta a isso, precisava tomar algumas medidas extraordinárias, neste aspecto.

Enquadra-se também nessas medidas a que se refere o Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações(Prodesi), por exemplo?

Acha que o Prodesi vai levar-nos a alguma coisa? Posso dizer que o Prodesi faliu há muito tempo. Eu já tinha dito isso, penso que no quarto ano de João Lourenço. Na altura, tínhamos elementos suficientes para fazer essa afirmação. Neste mandato de João Lourenço, não vejo situações de fundo, que me passem uma imagem de revitalização. E nós temos um currículo de programinhas económicos que nunca surtiram efeito. Por mais que eu estude o Prodesi, a questão não é o projecto, é a acção que suporta esse projecto. Então porque é que eu ia acreditar hoje no Prodesi? Desde 1975, tinha uma série de programinhas que não conseguiram funcionar. Porque não é só criar, é preciso que haja ousadia, lá está, situações extraordinárias. É que nós não temos sequer foco.

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