RUI VERDE, DOCENTE E INVESTIGADOR

“O MPLA precisa de ser extinto e refundado”

Entende ser necessária a negociação da dívida com a China e acredita que este dossier esteja na base do atraso da nomeação do futuro embaixador chinês em Angola. Critica os pronunciamentos da embaixadora da União Europeia. E, em termos políticos, acredita que o MPLA não só não vence as eleições de 2027, como deveria ser extinto e refundado.

 

“O MPLA precisa de ser extinto e refundado”

Como avalia as relações entre Angola e Portugal?

As relações Angola-Portugal têm dois níveis. O nível político, que eu chamaria as relações da conversa fiada. Há boas relações, mas que não são tão fantásticas como se costuma dizer. É público que o Presidente João Lourenço quis mudar um pouquinho os eixos das relações angolanas, virando-se para os Estados Unidos, Espanha, não dando muita atenção a Portugal. Isso não quer dizer que as relações estejam más, mas quer dizer que não são prioritárias, diferente é a nível daquilo que podemos chamar de povo, ao nível das famílias, que continuam a ser intensas. A elite angolana e a classe média frequentam Portugal, não diria mensalmente, mas bastante, há uma forte ligação. Portanto, o nível político, que neste momento não é muito relevante, e o nível pessoal, emocional, que é relevante. A nível económico, obviamente que as relações já foram melhor, houve aquela época do grande investimento angolano em Portugal, houve também uma época em que Portugal julgou que em Angola todos viriam a enriquecer-se, ambas as épocas já terminaram. Agora há uma certa, não podemos dizer diminuição, mas contenção entre os dois países. Portanto, a conclusão que podemos tirar é que não é uma fase má, mas estamos numa fase de “banho-maria”.

Pelo menos não há nenhum irritante assumido?

Neste momento não há nenhum irritante assumido. Surgiu uma coisinha, recentemente, a propósito dos chefes de gabinete do primeiro- ministro António Costa, em que descobriram uns 70 mil euros escondidos no gabinete, ele disse que os ganhou em Angola. Se isso vai assumir uma grande dimensão e tornar num grande irritante entre as relações, ou não, não sabemos. Parece que não.

Com a recente venda do Eurobic aos espanhóis, podemos dizer que acabaram os investimentos privados sonantes de angolanos em Portugal.

A pedido do Governo português, é preciso lembrar. Na altura, foi o primeiro-ministro Passos Coelho, que foi quase de joelhos, passo a expressão, pedir ao Presidente José Eduardo dos Santo para lhe comprarem o então BPN. Não foi um negócio típico de Angola chegar lá e comprar, foi um pedido português, isso é só um parenteses.

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