Passados três anos desde que passou para a gestão privada, o Kero está em fase de reconquista da imagem, considerada desafiante pelo director-geral. Hugo Moutinho revela que a Anseba teve de começar tudo de novo com investimento acima dos quatro mil milhões de kwanzas, sendo que os equipamentos e as estruturas de certas lojas estavam degradadas. O gestor deixa claro que as dívidas a fornecedores são responsabilidade da antiga gestão, o grupo Zahara e alerta que muitas lojas de proximidade poderão fechar portas pelo facto de não terem plano de negócio consolidado. Assim como entende que não se pode cometer o erro de proibir a importação de frango.

Passados três anos desde que passou para a gestão e exploração do hipermercado. Que Kero encontrou comparado com o que tem hoje? 

O Kero teve uma fase de topo e depois esteve muito em baixo. Teve uma fase em que foram mantidas as lojas abertas, mas com muito pouco artigo. Isso cria-nos um desafio hoje, que é de como arranjar uma forma de recriar a confiança do consumidor. O Kero estava no coração dos angolanos, tem de voltar ao coração dos angolanos. Os números que estamos a ter mostram-nos que estamos no caminho certo. Estamos a trabalhar muito para isso, mas todos os dias devemos acordar insatisfeitos, porque devemos reinventar-nos para sempre dizer qual é o motivo para o consumidor preferir o Kero em vez de qualquer outro concorrente. Existe muita concorrência no mercado e o consumidor angolano é sempre mais exigente, o que é bom para nós, porque nos puxa para cima. Todos os operadores do mercado devem reinventar-se. Quem parar de pensar como melhorar o nível de serviço, como melhorar motivos para a satisfação do consumidor, esses vão ficar para trás, se não for hoje, vai ser amanhã. 

O Kero perdeu a confiança dos clientes?

O Kero na altura esteve muito em baixo, com lojas quase vazias, quase em morte clínica. Claro que perdeu a confiança, perdeu a preferência do consumidor. O grupo Anseba retomou o Kero há quase três anos, com um claro objectivo de o repor no lugar que tinha, que é no top três das marcas preferidas do consumidor em Angola. Sendo que, na altura, entre as marcas preferidas, não havia nenhum retalhista à frente, eram outros operadores. Então era o primeiro retalhista. Queremos, claramente, voltar a ser o primeiro retalhista no mercado em termos de preferência do consumidor. Por isso, temos de criar motivos para trazer o consumidor. 

Quais são estes motivos? 

Temos de perceber o que vai trazer o consumidor num hipermercado quando, nos últimos três anos, quase também duplicou o número de pontos de venda, com muito mais lojas de proximidade e muito mais operadores de proximidade. Então, trabalhamos todos os dias à volta disso. Temos três motivos principais. O primeiro é a marca Continente. Temos uma parceria de distribuição oficializada da marca Continente nas nossas lojas de mais de cinco mil artigos, não há nenhum operador do mercado que tem uma gama tão alargada de uma marca internacional que vai trazer confiança, com tanta variedade. Temos 22.600 artigos no total nas nossas lojas. Outro motivo é a nossa restauração. Oferecemos ao consumidor uma experiência de 360 hoje em dia. Pode escolher-se a forma de consumir a maior variedade em termos de alimentação de Angola, no mesmo sítio. Pode consumir-se com preço muito competitivo e qualidade que quase, hoje em dia, não temos muito equivalente no mercado de retalho. Fazemos tudo nós próprios, com equipas treinadas por nós, equipas formadas, equipas acompanhadas por nós, com profissionais. Quer dizer, no mesmo sítio pode fazer-se compras e ter um momento de bem-estar, de relaxe. É o segundo motivo que pode criar a preferência do nosso consumidor.

O terceiro motivo é o cartão Kero, dá descontos de até 50% em mais de 100 artigos em cada loja de forma permanente. Mas não só isso, o cartão Kero passa a ser o ‘Clube Kero’. É uma parceria que temos com mais de 100 operadores e marcas reconhecidas no mercado, principalmente do sector da saúde por causa da dificuldade de acesso. 

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