João Santos, PCA DA DELTAGEST

“O problema do escoamento tem muito pouco que ver com as estradas e com os camiões”

A liderar a DeltaGest, sociedade que gere um fundo de capital de risco, João Santos revela conclusões de um estudo de campo visando o investimento que preparam no sector agrícola. E aponta a literacia financeira como uma das principais dificuldades do mercado angolano para as sociedades gestores de fundos de capital de risco. Mas, nem por isso, descarta a possibilidade de entrar em outros investimentos, a com cautelas.

“O problema do escoamento tem muito pouco que ver com as estradas e com os camiões”

Recentemente, a DeltaGest lançou a primeira pedra para a construção de uma fábrica de medicamentos no Huambo. Como está a correr o projecto?  
A Delta Gest Capital é uma sociedade gestora de organismos de investimentos colectivos. É uma sociedade criada em 2021, em Angola, para gerir fundos de investimento. Está registada na Comissão de Mercado de Capitais (CMC). O primeiro fundo que criámos foi o fundo Greenfield, de capital de risco, de subscrição particular e é fechado. A DeltaGest é a primeira sociedade gestora de fundos criada fora do mundo bancário, ou de algum grupo financeiro ou algum grupo económico. É a primeira sociedade gestora de fundos verdadeiramente independente da indústria bancária, cuja visão é ser a sociedade gestora de fundos mais credível e sustentável de Angola. Não queremos ser a maior, nem queremos gerir os maiores fundos, queremos fazer coisas que as pessoas daqui a cinco, dez anos, quando alguém venha a Angola e queira perceber de mercado de capitais, venha falar connosco. O primeiro fundo foi constituído em Julho de 2022. Nós tivemos na altura a aprovação da CMC para capitalizarmos esse fundo, tínhamos seis meses. Foi um período difícil porque foi um mês antes das eleições e, durante esse mês antes e vários meses depois, foi difícil encontrar investidores. Mas, no entanto, capitalizar o fundo em Janeiro de 2023 com 350 milhões de kwanzas, que, na altura, estava próximo dos 750 mil dólares. Fomos sete investidores, todos com participações iguais e, em Janeiro de 2024, fizemos um aumento de capital para lançarmos o projecto da fábrica de medicamentos do Huambo. Somos dez sócios, todos com participações muito equivalentes, não há nenhum sócio maioritário. Eu e os meus colegas da administração também somos sócios, o que significa que se não fizermos um bom trabalho, seremos substituídos por outros. 
 
Como avalia a facilidade ou a dificuldade de alcançar a pretensão de ser a sociedade gestora mais cedível de Angola? 
Só acreditando que é possível, é que lutamos todos os dias para conseguirmos concretizar essa visão. Essa visão não é uma visão pessoal, é uma visão dos sócios e da sociedade. Temos a preocupação de estarmos sempre relacionados, tanto com colaboradores, como com empreendedores que querem levar as coisas para a frente de maneira íntegra, e correcta. Por isso, não estamos a ter mais dificuldades ou menos dificuldades em implementar esta visão, porque estamos em Angola. A realidade do mercado angolano é diferente. Depende mais de nós do que do mercado. 

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