O SUBMUNDO ANGOLA
É verdadeiramente estarrecedora a forma como a história se repete e como se inova nas suas grandes tragédias. Parte significativa dos angolanos sabe disso de cor e salteado. Há pouco mais de seis anos, viveu a ilusão meteórica da concretização da esperança, enganada por uma narrativa idílica de mudança. Transformações que se desejavam no conjunto da prática institucional e que se julgavam conducentes necessariamente ao paulatino processo de mudança de mentalidades. Ledo engano.
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João Lourenço trouxe consigo de facto um vendaval de mudança, mas que acabou por se resumir no requinte do ‘status quo’ e na multiplicação das suas várias dimensões de fatalidade. Na política, elevou o adversário à categoria de inimigo e afinou os mecanismos de castração das liberdades; na sociedade, encarregou-se de fazer contas de somar no exército de desempregados e de famintos e, na economia, fez a viagem supersónica do céu para o inferno num trimestre.
Nada disto, entretanto, face ao histórico da governação do seu partido, arrastou tanto o país para a categoria de um submundo desorganizadamente organizado quanto aquilo que se passa na justiça.
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AFINAL NÃO ERA UM MILAGRE, ERA UMA TRAGÉDIA