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ONU pede emergência climática em todo o mundo

CIMEIRA DA AMBIÇÃO CLIMÁTICA. Para o secretário-geral da ONU, sector da banca tem de dar o exemplo e investir menos em sectores poluentes e apoiar energias e indústrias mais limpas.

ONU pede emergência climática em todo o mundo
D.R

O secretário-geral das Nações Unidas pediu, no sábado, 12, a todos os líderes mundiais que declarem estado de emergência nos seus países até que consigam atingir a neutralidade carbónica.

Na abertura da Cimeira da Ambição Climática, organizada em parceria pela ONU, Reino Unido, França e Itália, António Guterres reiterou que o mundo “ainda não está a ir na direcção certa” para travar as alterações climáticas e que poderá estar a caminho de “um aumento de temperatura catastrófico de mais de três graus neste século”.

“Apelo a todos os líderes mundiais para declararem estado de emergência climática nos seus países até que se atinja a neutralidade nas emissões de dióxido de carbono. Já houve 38 países que o fizeram. Imploro a todos os outros que os sigam”, declarou numa ligação vídeo a partir da sede da organização, em Nova Iorque.

O objectivo das Nações Unidas para o próximo ano será conseguir “uma coligação alargada” com o objectivo de conseguir a neutralidade carbónica a meio do século.

Aos países subscritores do Acordo de Paris para combate às alterações climáticas, pediu que tenham “metas claras de curto prazo” que se reflictam nas contribuições determinadas nacionalmente que estão obrigados a apresentar a tempo da próxima conferência das partes do acordo, prevista para o próximo ano na cidade escocesa de Glasgow.

Os compromissos assumidos em Paris em 2015 “estão longe de ser suficientes e mesmo esses não estão a ser cumpridos”, alertou, questionando se alguém ainda pode pôr em causa que o mundo enfrenta “uma emergência dramática”.

“Precisamos de contribuições significativas agora”, exigiu Guterres, pedindo que o objectivo de curto prazo seja “reduzir as emissões globais em 45% até 2030“.

António Guterres salientou que os níveis de dióxido de carbono estão em níveis recorde e que actualmente, a temperatura média mundial está 1,2 graus centígrados mais quente do que na era pré-industrial, mas que os esforços para manter o aquecimento global nos 1,5 graus não estão “condenados a falhar”.

No entanto, considerou que “é inaceitável” que os países do grupo das 20 maiores economias estejam a gastar nos pacotes de estímulo à recuperação económica pós-pandemia “mais 50% em sectores ligados à produção de combustíveis fósseis do que em produção de energia de baixas emissões carbónicas”.

“Os biliões de dólares precisos para a recuperação pós-covid-19 são dinheiro que estamos a pedir emprestado às gerações futuras”, declarou, considerando que é “um teste moral” optar por políticas que não sobrecarreguem as gerações futuras com uma montanha de dívidas num planeta destroçado”.

Sectores como a aviação e o transporte marítimo precisam de dar o contributo e mudar a maneira de operarem, defendeu, e o sector da banca tem de dar o exemplo e investir menos em sectores poluentes e apoiar energias e indústrias mais limpas. “A tecnologia está do nosso lado e as energias renováveis estão mais baratas a cada dia que passa”, declarou ainda.

EUA DE REGRESSO AOACORDO DE PARIS

O presidente eleito norte-americano, Joe Biden, reiterou no sábado que os Estados Unidos regressarão ao Acordo de Paris no dia em que assumir o cargo, comprometendo-se a convocar uma cimeira internacional no prazo de 100 dias.

O compromisso dos Estados Unidos sob a sua administração será neutro em emissões de gases com efeito de estufa até 2050, referiu Joe Biden, que sucede ao negacionista das alterações climáticas Donald Trump, que retirou o país do Acordo de Paris.

Os objectivos do Acordo de Paris fixados em 2015 vão ser confirmados em 2021 na conferência das partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as alterações climáticas, quando se espera que os cerca de 200 países signatários apresentem novas contribuições determinadas nacionalmente e metas concretas de neutralidade carbónica.

O objectivo último do Acordo é conseguir limitar o aquecimento global até ao fim do século, impedindo que ultrapasse os dois graus centígrados acima da temperatura média da era pré-industrial, mas mantendo-o idealmente nos 1,5 graus.