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COMBATE À COVID-19

Países mais ricos já compraram 80% das vacinas

08 Dec. 2020 Emídio Fernando Mundo
Países mais ricos já compraram 80% das vacinas
D.R

Nos países mais industrializados já compraram ou encomendaram mais de 80% das vacinas de combate ao coronavírus que vão estar disponíveis até ao próximo ano. O alerta é lançado pela presidente do Conselho de Economia da Saúde para Todos da Organização Mundial da Saúde (OMS), num artigo de opinião publicado na edição desta semana do Valor Económico. Mariana Mazzucato defende que, mesmo contra os interesses de alguns governos e de laboratórios, a vacina deve ser distribuída de “forma justa e disponibilizada gratuitamente a todos os que dela necessitem”. Uma tarefa, no entanto, que poderá ser difícil de concretizar, já que, alerta a economista, “os países de rendimento elevado já pré-encomendaram doses suficientes para distribuir várias vezes pelas suas populações, deixando o resto do mundo possivelmente numa situação de escassez que nem permitirá cobrir as comunidades em maior risco”.

As vacinas, prestes a serem distribuídas, custaram cerca de 2.800 mil milhões de dólares. O valor foi gasto na investigação e na produção. Apesar de todo este investimento público, Mariana Mazzucato duvida que tenha sido feito com a transparência que os próprios valores exigem. Por isso, defende que a covid-19 é um “teste perfeito” para saber se vai haver “uma abordagem mais centrada na saúde pública”.

De acordo com os dados da OMS, a parceria Pfizer/BioNTech recebeu 445 milhões de dólares da Alemanha e a Moderna mais de mil milhões de dólares da Autoridade dos EUA para Investigação e Desenvolvimento Avançados em Biomedicina e da Agência dos EUA para Projectos de Investigação Avançada de Defesa. E ainda um milhão de dólares da Coligação para as Inovações de Preparação contra Epidemias, também dos EUA. Por sua vez, a vacina da AstraZeneca-Oxford recebeu mais de 1.300 milhões de dólares de financiamento público.

Esta semana, o Reino Unido começa a distribuir a vacina gratuitamente à população mais vulnerável. O processo vai decorrer durante três meses. A OMS calcula que a vacina só vai chegar aos países de menos rendimento no final de 2021.