Pastelaria saborosa e lucrativa
PEQUENOS NEGÓCIOS. Cresce o número de pasteleiros informais. Cada vez mais com inovações e ambições. ‘Morre’ o hábito de fazer bolos em casa e recorre-se às pasteleiras, que cobram um preços modestos dependendo do bairro. O negócio é rentável, garante quem vive dele.
Criar um bolo, desde a confecção à decoração, ao gosto do cliente, a partir de uma fotografia é um desafio, que requer prática, bom gosto, paciência e formação. O negócio corre tanto no formal, com as pastelarias ‘clássicas’, como no informal com as do bairro, mais ou menos profissionais que praticam preços para vários bolsos. Uma das técnicas que as pasteleiras mais usam para expandir o negócio é o uso das redes sociais. Antónia Pimentel, Ana Cláudia e Luana Fernández criaram uma página no Facebook, onde boa parte dos clientes faz contactos e encomendas.
Antónia Paulo Pimentel, de 42 anos, é pasteleira há quase 20. Os primeiros passos começaram por “curiosidade”. Para se desenvolver, teve de comprar alguns livros de doces e de culinária e, mais tarde, concluiu um curso de pastelaria. Residente no bairro da Cuca lamenta a “fraca procura” destes produtos por parte dos vizinhos. “A procura aqui não é tão boa quanto nos outros sítios, mas dá para sustentar a família”. É da confecção dos bolos que Antónia Pimentel tira os dividendos para sustentar a família que também ajuda quando as encomendas ultrapassam as espectativas.
A crise tem sido um factor para a queda de clientes, lamentam as pasteleiras. Mas os preços também acompanharam a tendência. Tudo ficou mais caro.
Dona Antónia, como é conhecida pelos vizinhos, faz salgadinhos e todo tipo de doces. Os mais procurados são os de aniversário. Os preços variam conforme o peso. Por dois quilos, um bolo sai por 5.000 kwanzas. Já os bolos tidos como caseiros podem custar a partir de 3.000 kwanzas. Os sortidos (doces e salgados) custam 150 kwanzas cada. Mas quando a encomenda é em grandes quantidades faz-se um desconto de 100 kwanzas.
Semanalmente tem cerca de quatro a cinco pedidos. Lembra que no ano passado as encomendas rodavam entre os seis a dez pedidos semanais. “Recebo mais encomendas de bolos de aniversário e chocolate. As encomendas dependem muito do bairro.”
Ana Cláudia, de 25 anos, além de pasteleira é decoradora. Para ela, ser pasteleira é uma profissão que “requer muita responsabilidade” e que se “não há força de vontade as coisas não saem perfeitas”. Quando se faz bom trabalho o objectivo é de ter muitos clientes, adverte, mas uma das dificuldades que encontra é o bairro onde vive, no Golf 2, porque “não facilita” muito na captação de clientes. Nos últimos tempos, os clientes exigem mais serviços personalizados.
Os preços variam muito de bairro para bairro e com o número de encomendas. Por exemplo, em Talatona, pode pagar 6.000 kwanzas pela deslocação. Já em Alvalade paga 7.000.
Luana Fernández, com apenas 19 anos, lida com a arte de fazer bolos desde o ano passado, mas, apesar da juventude, já expandiu o seu negócio para mais dois locais: Centralidades do Kilamba e Alvalade. A pasteleira garante que “a profissão é rentável”, porque a “comida dá sempre dinheiro”.
Ainda a trabalhar sozinha, pretende, nos próximos tempos, alargar o negócio e contratar mais funcionários. Tem ainda planos para criar uma pastelaria própria e projecta também ter parcerias com revendedores ambulantes e fazer entregas ao domicílio.
Semanalmente tem cerca de cinco a seis encomendas de bolos diversos que custam entre os 5.000 e os 15 mil kwanzas e ‘cake-designer’ em miniaturas que custam cada 750 kwanzas.
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