PCA do Banco Sol conta segredos de um gestor de sucesso
GESTÃO. Premiado pela Deloitte com distinção de gestor do ano, Coutinho Miguel explica ao VALOR como encontrou o banco com capital “mínimo dos mínimos”, até o tornar na “quinta maior” instituição do sistema bancário nacional, com capital social de cerca de 70 milhões USD. Gestor justifica desempenho de gestão com “saber-fazer” e “estar”.
Com uma carreira de gestão repleta de posições-chave – foi várias vezes nomeado presidente ou vice-presidente de conselho de administração de distintas empresas – Coutinho Nobre Miguel define gestão como “responsabilidade”, seguida de “humildade, modéstia” e “dedicação”.
É assim que o jurista de formação emprestado à gestão explica como deve ser a gestão e como o próprio a aplicou na sua longa carreira à frente de várias empresas dos mais variados segmentos de actividade.
Lembra que entrou na gestão em 1995, nas vestes de consultor, ou como designou, “advogado e assessor da presidente da mesa da assembleia-geral de um grupo financeiro angolano EGV”.
Mais tarde, passa a assessor do presidente do conselho de administração do mesmo grupo, para, em 1999, ser presidente do conselho de administração de uma empresa denominada Sansul, voltada para o ramo de consultoria, que viria a ser accionista principal do Banco Sol.
Em 2001, o gestor chega a vice-presidente do conselho de administração do Banco Sol para, em 2008, ser o presidente da comissão executiva. Em 2012; passa a presidente do conselho de administração.
Quando chegou à posição de PCA do Banco Sol, recorda, foi aconselhado a não aceitar o desafio, por um grupo de pessoas que consideravam a instituição financeira um “banco de pobres”.
“As pessoas disseram-nos que o banco iria morrer no dia seguinte. E que era um banco de pobres. Tive colegas que disseram `doutor Coutinho, vai comprometer a sua imagem. Não fique aqui. Foi deputado à Assembleia Nacional, é advogado…’”, lembra o gestor, para quem o “saber-fazer” e “estar” determinaram o processo. Obstinado, Coutinho Miguel não embarcou na onda de pessimismo e inicia assim uma caminhada profissional na liderança do banco que já dura há seis anos.
“Eu disse que sou pobre, nasci numa família também pobre, e, por isso, o meu compromisso é ajudar as pessoas mais carenciadas, mais desfavorecidas. Por isso vou abraçar esta causa.” Na altura, o capital social da instituição afigurava-se dos mais baixos do mercado.
“Era o banco com um capital social mínimo dos mínimos. Na altura, eram quatro milhões de dólares norte-americanos. Hoje, o Banco Sol tem um capital de cerca de 10 mil milhões de kwanzas, correspondente em dólares em cerca de 70 milhões de dólares”, regozijou-se.
Na semana passada, foi distinguido, nos prémios Sirius da Deloitte, como gestor do ano, galardão que dividiu com o empresário Lago de Carvalho, o dono da Octomar, empresa prestadora de serviço ao sector petrolífero.
Tarefa árdua
Questionado sobre o segredo para o bom desempenho à frente da gestão do banco, considerou que ainda está “no começo da jornada”. “Porque o desafio e as tarefas são árduas e estimulantes ao mesmo tempo. O sucesso é saber estar, saber ser e saber fazer bem”.
Também conta como foi possível receber tantos votos de confiança na gestão de várias empresas: “É a humildade e a modéstia. Dedicação, profissionalismo e o respeito pelo próximo”. Fora da banca, Coutinho Miguel fez parte dos órgãos de gestão de mais empresas. Já integrou, por exemplo, o conselho fiscal do Hotel Trópico, do Hotel Presidente, além de já ter assumido a presidência dos conselhos de administração da Suninvest e da ECGM, esta última ligada ao sector dos transportes.
“Como gestor, como bancário, aliás, diria que, como jurista, estou emprestado à gestão. E acho que é uma profissão muito estimulante, motivacional, criativa, que requer atitudes essenciais, de entre elas, devo ressaltar o foco, a organização, a disciplina, a integridade, a valorização do capital humano e, acima de tudo, o comprometimento com a excelência”, enumera. Para Coutinho Miguel, um gestor deve ainda ser “rigoroso, fazer uma gestão com empatia, compaixão, para motivar os quadros”.
“Mas sabe que também o que muda nas nossas vidas não são as palavras, são as atitudes”, lembrou o responsável, para quem gestão é “responsabilidade”.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...