Perdas “alarmantes” na agricultura
A gricultores angolanos queixam-se da ‘crónica’ falta de estradas para o escoamento da produção para os pontos de consumo, já que a situação tem resultado em perdas médias, por safra, na ordem dos 50%.
Dados oficiais indicam que, na Huíla, com uma produção diversa de 514,5 mil toneladas (cerca de 3% do total da produção nacional estimada em 21 milhões de toneladas) perde-se, anualmente, em média, um terço da produção, ou seja, 171,5 mil toneladas, por falta de meios de transporte e estradas. E é na fruta em que as perdas chegam a ser mais graves. Em 2019, por exemplo, mais de 80 mil toneladas de fruta, entre maçã, pêssegos, pêra e morangos, apodreceram na Humpata, e outras 20 mil de hortícolas também se degradaram na Chibia, Cacula e Quilengues.
Mariana Soma, directora do gabinete provincial de Agricultura, Pecuária e Pescas, explica que, sempre há desperdícios, a batata rena estragada é transformada em semente para o ano seguinte. “Este é um problema crónico que inibe pequenos, médios e grandes produtores de expandir as terras agricultáveis”, lamenta.
O cenário repete-se em Benguela, com uma produção anual estimada em mais de 800 mil toneladas. Na primeira fase da campanha agrícola 2019/2020, a província atingiu uma produção de 248 mil toneladas, das 289 mil e 626 toneladas previstas. Responsáveis locais do sector afirmam que 35% dessa safra se degradou nas áreas de cultivo, por falta de escoamento.
Na Lunda-Sul, a presente campanha agrícola regista uma redução de 60%, com a colheita a baixar de 500 mil para pouco mais de 200 mil toneladas. Nessa província, a fazenda Cacanda, por exemplo, uma das mais importantes, baixou a produção em 70%. O projecto tem 10 mil galinhas, 160 cabeças de gado bovino, 60 suínos e cerca de cinco hectares para a produção de hortícola.
Já, no Bié, o agricultor Afonso Satula, detentor de uma fazenda de 200 hectares, afirma que perde anualmente mais de dez milhões de kwanzas, tendo o foco na produção de café, milho, soja, banana e hortícolas que invariavelmente acabam por apodrecer no campo.
Também Alfeu Vinevala, outro agricultor, se manifestou “agastado” com as perdas. O fazendeiro produziu trigo em 230 hectares, mas, por falta de máquinas, colheu apenas 30 hectares (duas toneladas por hectare) de forma manual, recorrendo a 50 pessoas, em três meses. “Os restantes perderam-se no campo, por falta de máquinas para colheita”, lamenta.
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