‘Placas’ de taxistas ajudam nas horas difíceis
TRANSPORTES.Taxistas encontram uma forma original de ter entreajuda, através de pontos organizados que funcionam como uma ‘caixa social’ para quem está necessitado. Cada um entrega uma contribuição semanal que vai servir para um cofre.
É cada vez mais notório o número de placas na cidade de Luanda. São pontos de encontro dos taxistas organizados em ‘staffs’ (grupos), em que se faz em contribuições financeiras para a interajuda em caso de necessidade. A palavra ‘Placa’ pode não dizer nada, mas é uma iniciativa que até já tem o reconhecimento do governo provincial.
Quem anda pela capital consegue divisar, em vários pontos, à berma das estradas, tendas, contentores e até mesmo casas com dizeres, ‘Placa Retranga do Cazenga’, ‘Os de momentos’, no Kilamba Kiaxi, ‘Os de Porshe da Maianga’, entre outros nomes.
Segundo dados da Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA), estão reconhecidas pelas administrações 49 placas, enquadrados no projecto ‘Sou taxista, faço pelo meu município’.
A interajuda é um dos principais objectivos da criação destes espaços que funcionam como ‘Caixa Social dos taxistas’ organizados. Semanalmente, motoristas e cobradores contribuem, para a caixa, com mil kwanzas. Há placas com 40 membros e que, por mês, podem arrecadar 160 mil kwanzas.
Este valor, de acordo com Adriano Paulo Jerónimo, membro de uma das placas, serve para atender as necessidades dos associados, em caso de óbito, doença, pagamento da renda da casa ou até para a compra de gás de cozinha. Narciso Correia, da placa ‘Elenco do Cazenga’, esclarece que a ajuda dada ao membro vai até 50% do que necessitar. Por exemplo, se para arrendar uma casa precisar de 40 mil kwanzas, a ‘staff’ contribui com 20 mil. As placas servem ainda para colmatar outras dificuldades como, por exemplo, ajudar quem não tenha viatura. Aqui, pode usar a viatura de um colega que, por alguma razão, não pode trabalhar, durante um dia ou mais.
Nestes espaços, realizam-se também reuniões de sensibilização de como evitar acidentes. Os membros das ‘staffs’ reúnem-se para troca de ideias e prestação de contas dos valores das contribuições. Em Luanda, circulam pelo menos 40 mil táxis e estão criadas 49 placas, com organização: presidente, secretariado, um financeiro que recolhe os valores, mais dois membros que de forma escalonada permanecem na placa para atender os colegas, ou que requerem viaturas ou ainda informação.
Esse grupo, de cinco ou de três elementos, consoante a grandeza da placa, tem uma remuneração diária que pode ultrapassar os cinco mil kwanzas para cada um. Valor que resulta de uma contribuição à parte dos mil kwanzas semanais obrigatórios para a ‘caixa social’.
REVISTA DO TAXISTA EM AGOSTO
A associação dos taxistas anunciou, ao VALOR, o lançamento, em Agosto, da ‘Revista Taxista’, que vai retratar o quotidiano dos motoristas e a forma como gerem os rendimentos.
A revista, de acordo com o representante nacional dos taxistas, Geraldo Wanga, vai abordar também a necessidade da profissionalização da actividade, a importância das placas e dos ‘staffs, e vai publicar conselhos de como reduzir a sinistralidade.
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