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Porque deixar de lado a competição

29 Mar. 2016 Valor Económico Gestão

INVESTIMENTOS.Para Buffett, embora seja difícil encontrar um ramo empresarial sem concorrentes, é possível e desejável deixar de lado o sentimento de competição.

 

Aos 70 anos, Walter Kiechel é uma ‘enciclopédia’ ambulante de negócios: foi editor da revista Fortune e da Harvard Business Publishing e escreveu livros como ‘Os Mestres da Estratégia’ (editora Campus, 2011), sobre as “mentes brilhantes que inventaram o pensamento estratégico”.

Num artigo recente para o site da Harvard Business Review, Walter Kiechel lembra-se de um antigo encontro com o multimilionário Warren Buffett, então muito satisfeito com a compra de um jornal na cidade de Buffalo, no Estado de Nova Iorque. O motivo era simples: não havia concorrência. Foi então que um dos maiores símbolos de empreendedorismo da história confessou a Kiechel que detestava competição nos negócios – e ainda acrescentou que é um sentimento comum a todo bom homem de negócios.

A ideia de Buffett, que Kiechel compreendeu e passou a defender, é que, embora seja difícil encontrar um ramo empresarial sem concorrentes, é possível e desejável deixar de lado o sentimento de competição. Isso faz bem não só para a saúde, mas para o negócio também, diz Kiechel. Se a fixação por derrotar os “adversários” se tornar objectivo prioritário, um desempenho indesejado pode levar ao sentimento geral de auto-depreciação dentro da empresa, à caça às bruxas na equipa e, principalmente, a deixar para trás os focos principais do negócio.

“Você ou os fundadores da sua empresa entraram nisso para conseguir participação, cortar custos e expor os colegas?”, pergunta Kiechel no artigo. “Espera-se – pelo menos no caso das melhores companhias – que outras ambições estejam em jogo, como talvez criar o melhor produto e cultivar uma saudável obsessão pelos consumidores e clientes. Em outras palavras, concentrar o foco em alguém a quem servir, não derrotar.”

 

QUEM É BUFFET E PORQUE É EXEMPLO A SEGUIR

Warren Edward Buffett, também conhecido como “oráculo de Omaha” [localidade dos EUA onde inicia seus negócios], construiu sua fortuna “comprando príncipes pelo preço de sapos”, como ele mesmo gosta de dizer.

Aos 85 anos, o mega-investidor figura na terceira posição do ranking da Forbes dos maiores multimilionários do mundo, com uma fortuna calculada em 58,2 mil milhões de dólares, referente a 2015. Buffet é um dos maiores investidores do mundo.

Aos 11 anos, Buffett comprou três acções da Cities Services por 38 dólares, para ele e sua irmã mais velha, Doris. Logo após comprar as acções, o valor dos papéis [comercial] caíram para 27 dólares.

Receoso, Buffett conservou as suas acções. Assim que elas atingiram 40 dólares, o investidor não pensou duas vezes: vendeu rapidamente. Decisão que mais tarde o levou a um profundo desespero, ao ver as acções da Cities Services dispararem para 200 dólares. A experiência ensinou a Buffett uma das suas lições básicas de investimento: paciência é uma virtude.

 

*Redacção/Época Negócio