PORQUE FALHOU A GOVERNAÇÃO

12 Mar. 2025 Editorial

Na entrevista à Rádio Essencial, esta terça-feira, 11, o empresário Bartolomeu Dias deu algumas respostas curtas e objectivas. O Governo de João Lourenço falhou porque escolheu algumas empresas a dedo para fazer delas parceiras do Estado, entregando-lhes tudo o que tinha e o que não tinha. O Governo de João Lourenço falhou porque deixou de haver divisas para os empresários “não alinhados ao sistema”. O Governo de João Lourenço falhou porque elegeu as contratações simplificadas e adjudicações directas que privilegiam uns poucos e discriminam os outros tantos. O Governo de João Lourenço falhou porque, como sugere o empresário, as empresas privilegiadas do sistema deixam muito dinheiro fora de Angola porque temem serem confiscadas na Angola pós-João Lourenço tal como João Lourenço fez na Angola pós-José Eduardo dos Santos. Em suma, o Governo de João Lourenço falhou porque não teve “estratégia económica”. 

PORQUE FALHOU A GOVERNAÇÃO

Não sendo nem pouco mais ou menos descuráveis, as observações de Bartolomeu Dias não nomeiam, entretanto, os problemas estruturais que condicionaram o prometido milagre económico e desfizeram o ansiado progresso político. 

Digamo-lo então de outra forma. A governação de João Lourenço falhou porque, antes de mais, se recusou a ser governação desde a primeira hora. A governação de João Lourenço falhou porque decidiu, desde o início, transformar Angola no maior parque de diversões à céu aberto. A governação de João Lourenço falhou porque as reformas de fundo de que o país precisava nunca foram sequer desenhadas, quanto mais saírem do papel. A governação falhou porque, em todos os casos e em toda a linha, o interesse pessoal se sobrepôs às ambições de Estado. Porque o combate à corrupção e à impunidade foi transformado, desde cedo, num instrumento de consolidação do poder, de perseguição de inimigos e de saque ao erário. É por isso que, com todo o descaramento, o Ministério Público elabora uma peça de acusação em que Manuel Vicente é visado por vezes incontáveis, mas não o acusa do que quer que seja. E o Tribunal não só faz a pronúncia como arranca com o julgamento de ‘Dino’ e ‘Kopelipa’ sem mais nem menos uma vírgula. Não é muito difícil calcular quem terá de responder amanhã por essa profanação impiedosa das instituições do Estado. 

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