Posição de accionistas angolanos “fica intacta” no Finibanco
BANCA. Entrada de novos accionistas no capital do banco angolano de capitais mistos não altera participações de sócios angolanos da instituição. Mário Palhares e Carlos Feijó, accionistas com maiores posições individuais, podem reduzir participação, antevêem especialistas.
A transferência do capital do grupo Montepio no Finibanco para a nova holdings – a ‘Arise’ – poderá não afectar as posições de cinco accinonistas angolanos do banco. O que se prevê é a possibilidade de haver cedência de participações, situação que fica dependente da contrapartida financeira que os integrantes da nova holdings oferecerem aos accionistas angolanos, segundo vários economistas consultados pelo VALOR.
A entrada da nova entidade accionistas no capital do banco, segundo observadores, “não põe em causa a posição de sócios com menores participações” – cinco angolanos – pelo que, defendem, “tudo deve ser decidido pela assembleia geral de sócios”.
O grupo Montepio, actual maioritário do banco, decidiu transferir o capital detido no Finibanco para uma nova estrutura, a Arise, formada pelos holandeses do Rabobank e pelo Fundo de Investimento da Noruega para os Países em Desenvolvimento (Norfund), segundo noticiou o VALOR na semana passada.
Um dos inquiridos sobre o assunto é o economista e investigador do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola (CEIC), Francisco Miguel Paulo, que afasta, para já, a possibilidade de os sócios angolanos ‘saltarem’ da estrutura accionista com a entrada da nova holding.
“Não significa que os angolanos devam, necessariamente, ceder as suas participações. Pode acontecer que, por deliberação da assembleia de sócios, os accionistas sejam obrigados a aumentar capital. Quem não puder aumentar capital terá de vender participações a quem tenha mais dinheiro”, comenta o também professor Francisco Paulo.
Actualmente, a estrutura accionista do Finibanco é composta por dois accionistas colectivos – o grupo Montepio (51%) e a Iberpartners (2,40%) – e mais cinco sócios individuais (todos angolanos), nomeadamente o banqueiro Mário Abílio Palhares, que, isoladamente, detém 35,26%, o jurista Carlos Feijó (5,02%), o ex-presidente do conselho de administração da Angola Telecom, João Avelino Augusto Manuel (3,92%), Francisco Simão Junior (1,60%) e o actual deputado Dumilde das Chagas Rangel (0,80%).
Para o economista e consultor Lopes Paulo, não se descarta a possibilidade de cedência de participações dos accionistas minoritários no banco. Mas tudo vai depender, defende Paulo, “das contrapartidas financeiras que os novos accionistas apresentarem”.
“O importante é saber o que é que a nova entidade vai trazer para o mercado. Se for só ‘mais um grupo’, não se esperam grandes ‘mais-valias”, considera o economista.
GANHOS COM A HOLDING
O investigador do CEIC Francisco Paulo não tem dúvidas de que a entrada da nova holding traga vantagens para o sistema financeiro nacional. O economista elenca factores como “boa gestão”, “rigor e ética nos negócios” e “profissionalismo” como qualidades associadas aos noruegueses do Nordfund.
“O sistema financeiro angolano só sai a ganhar com a entrada da Holding – formada pela integração dos capitais do Rabobank, da Holanda, e do Norfund. Os noruegueses são muito rigorosos em matéria de gestão”, lembra o investigador do CEIC.
PROPÓSITOS DO NEGÓCIO
A transferência das acções do Montepio no Finibanco – décimo quarto banco comercial angolano no ranking de activos – foi justificada pela necessidade de “concentrar as acções em África dos três grupos interessados no negócio, o Norfund, o FMO RaboBank e o Montepio”, em África.
No continente, os olhos estão virados para todos os lados: em Angola – através do FiniBanco, e em Moçambique, por via do Banco Terra. A intenção da nova holding é cobrir cerca de 20 países africanos.
“Todos os participantes detêm actualmente participações em entidades financeiras e prestadores de serviços financeiros na África Subsariana e acordaram juntar tudo numa única sociedade”, asseguram os novos accionistas, através de um comunicado do Montepio.
JLo do lado errado da história