PR dá ‘luz verde’ ao acordo de espaço aéreo
AVIAÇÃO. Acordo conta com a adesão de 28 países. Exigirá investimentos da Taag para aproveitar as oportunidades e, sobretudo, para não perder o mercado como aconteceu com as companhias nigerianas. CEO da companhia nacional alerta para alguns riscos. Angola pode ser um dos quatro destinos mais procurados.
O Presidente da República já deu orientações para a adesão de Angola ao Mercado Africano Único de Transporte Aéreo. A decisão perspectiva assim a abertura do espaço aéreo e os aeroportos nacionais a todas as companhias dos países subscritores e a Taag (e ou outras companhias nacionais que vierem a ser elegíveis) deverão beneficiar do mesmo privilégio nestes países. Como resultado, a Taag é agora obrigada a equacionar novos investimentos para aproveitar as oportunidades previstas, mas, sobretudo, para não perder mercado para a concorrência.
Estudos da IATA apontam que, com a liberalização do mercado, Angola estaria entre as quatro das 15 ligações mais solicitadas do continente africano. A ligação com a África do Sul seria a segunda mais procurada de África, superada apenas pela rota África do Sul/Namíbia.
Angola/África do Sul, que é a mais solicitada na Taag, entre as regionais, passaria a ser utilizada por uma média diária de 400 passageiros contra os actuais cerca de 200.
Os dados indicam ainda que as ligações com a Namíbia, Tunísia e Uganda teriam grande potencial, sendo que destas a existente é apenas a Angola/Namíbia que, segundo o estudo, passaria a contar com uma média de 180 passageiros por dia, ao contrário dos actuais 134 diários, registados o ano passado, depois de uma queda de cerca de 10% face a 2017.
A necessidade de a Taag preparar-se, sob pena de agravar a sua actual situação deficitária, é reforçada pelos resultados negativos de algumas companhias de países aderentes. Por exemplo, a companhia queniana, Kenya Airways, tem sido prejudicada pelo tratado, visto que “costumava ser líder na região da África Oriental, com um número significativo de aeronaves modernas. No entanto, a concorrência no sector de aviação no Quénia aumentou significativamente, impulsionada pela liberação do espaço aéreo”, escreveu a companhia num relatório publicado na semana passada.
As companhias nigerianas também culpam o acordo por deixar as ligações entre a Nigéria e outros destinos do continente à mercê de companhias estrangeiras quando, antes, tinham o monopólio de algumas destas rotas.
No entanto, o CEO da Taag, Rui Carreira, acredita que a empresa não vá falir, com uma adesão ao acordo, visto que “tem ao seu dispor várias oportunidades de negócio, bastando para isso afinar a sua estratégia comercial de acordo com estes pressupostos”.
Destino com potencial
Pensado há mais de 30 anos, o mercado único de transporte aéreo ganhou forma em 2015, quando os Estados-membros da União Africana decidiram marcar passos mais concretos, indicando Janeiro de 2017 como data de arranque obrigatório.
Onze estados estrearam-se: Benin, Cabo Verde, República do Congo, Costa do Marfim, Egipto e Etiópia, Quénia, Nigéria, Ruanda, África do Sul e Zimbábue. O movimento conta agora com 28 países, mas grande parte aderiu parcialmente, visto que o acordo prevê cinco níveis de liberalização. Entre os países aderentes, constam o lusófono Moçambique e os membros da região austral como Ruanda, Suazilândia, Togo, Zimbábue e Lesoto.
Os membros representam mais de 80% do mercado de aviação africana, mas a IATA defende a adesão de alguns países-chave para o sucesso do projecto que visa a promoção do turismo intercontinental.
“Se apenas 12 países-chave de África abrissem os seus mercados e aumentassem a conectividade, seriam criados nesses países mais 155 mil empregos e contribuiriam para o PIB africano com mais 1,3 mil milhões de dólares”, defende o organismo internacional.
Angola faz parte do grupo destes países-chave, assim como a África do Sul, Nigéria, Uganda, Gana, Egipto, Etiópia,aNamíbia, Argélia, Tunísia, Quénia e Senegal. Destes, seis já aderiram ao projecto que visa acabar com a necessidade de os passageiros, por exemplo, serem obrigados a escalar um país europeu quando o destino final é outro do continente.
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