ROTAS ‘SEM LUCROS’ PARA A COMPANHIA PÚBLICA

Privados podem tomar rotas domésticas da TAAG

TERCEIRIZAÇÃO. Aviadoras privadas, que se queixam de concorrência desleal no segmento, devido à presença da companhia de bandeira, financiada pelo Estado, poderão ter ‘rota livre’ nos voos provinciais.

A transportadora aérea pública estará a estudar a possibilidade de terceirizar os serviços de voos domésticos a operadoras privadas, que já exploram estas rotas. Segundo fontes próximas ao processo, a administração da TAAG já terá ‘pré-seleccionado’ alguns parceiros com os quais estará a manter contactos.

Abordado sobre o assunto, o porta-voz da ‘companhia de bandeira’, Carlos Vicente, não deu qualquer resposta, não confirmando nem negando a informação. No entanto, há dois anos, o Ministério dos Transportes tinha já admitido que a transportadora aérea do Estado deixaria de voar para destinos provinciais.

“É um processo que está na estratégia do Governo e está a ser equacionado para criar competitividade aérea. A separação dos dois segmentos visa permitir que os domésticos venham ser mais potenciados e com aeronaves de menor porte, permitindo maior rotatividade”, afirmou, então, o secretário de Estado para a Aviação Civil, Mário Domingues.

Na altura, e sem avançar muitos detalhes, o Governo avançava apenas que deveria ser criada uma outra empresa pública vocacionada para os voos domésticos. Embora, não se soubesse ainda em que moldes, nem quando esta operação deveria acontecer, a TAAG já ‘abandonou’ alguns destinos provinciais, como Malanje, enquanto noutras ‘paragens’, como Menongue e Saurimo, foram reduzidas as frequências. Deste modo, a frota para dentro do território nacional passou de oito para cinco aviões.

Num contexto de custos operacionais elevados e baixos fluxos de passageiros, especialistas em aviação civil, que ligações aéreas provinciais não são lucrativas para a operadora pública. “A TAAG só resiste em rotas dessa natureza por se tratar de uma empresa subvencionada pelo Estado”, apontam os analistas do sector.

A Air 26, SJL Aeronáutica, AirJet e Air Guicango são, actualmente, as principais companhias privadas. A Sonair, subsidiária da Sonangol, também realiza ligações aéreas internas. Grande parte destas empresas queixa-se de concorrência desleal, por causa da presença da TAAG neste segmento, tendo em conta que esta beneficia do Orçamento Geral do Estado. Assim, se a empresa pública concretizar a terceirização do serviço de voos domésticos, algumas dessas aviadoras privadas vão passar a transportar passageiros da TAAG, nessas rotas.

O sector da aviação comercial doméstica também tem sido afectado pela crise cambial, que se vem registando, há dois anos, na economia angolana.

Também nos últimos anos, a aviação doméstica passou a contar com uma concorrência mais forte de empresas de autocarros interprovinciais, que passaram a ser a opção para muitos passageiros que se deslocam de uma província para outra.

Várias empresas deixaram de voar por razões de custos operacionais elevados. São exemplos a LAM,a Diexim e a SAL.

Numa outra ocasião, o director comercial da Air 26, Luís Arriaga, tinha avisado que neste negocio “só permanecerão as empresas que respeitarem os passageiros, com cumprimentos dos horários de voos e que tiverem capacidade de inovar constantemente os serviços”.