QUALIDADE E EXPOTAÇÃO

Produção de cacau ‘encalha’ na falta de formação

01 Dec. 2021 Empresas & Negócios

AGRONEGÓCIO. Falta de conhecimento e ferramentas para produzir cacau de qualidade tem impedido os produtores de Cabinda de exportar.  Empresário interessado em implantar fábrica prefere não adiantar o investimento, enquanto não existir capacitação.

Produção de cacau ‘encalha’ na falta de formação
D.R

Os produtores de cacau que beneficiaram de mudas oferecidas pelo Governo encontram dificuldades no tratamento do produto, devido à falta de formação especializada. António Paulo Pinge, presidente da cooperativa Kikuadi – Kivaku, lembra que o governador provincial de Cabinda, Marcos Nhunga, prometeu há três anos capacitar um grupo de produtores em São Tomé e Príncipe, o que não veio a realizar-se.

 “Temos de saber como fazer a fermentação e secagem, só é possível com uma formação. Eu estive no Gana, Costa do Marfim e Togo, os produtores vendem o cacau seco, sabem como fermentar, secar e armazenar para estar dentro dos padrões internacionais. O cacau necessita de muita precisão”, observa.

O desconhecimento destas técnicas faz com que vendam o quilo do fruto fresco a 400 kwanzas, cinco vezes mais baixo do comprado noutros mercados. E, igualmente, impede a exportação visto que os compradores medem a qualidade desde o plantio. No entanto, os compradores são essencialmente outros fazendeiros que desejam começar ou ampliar a plantação e alguns congoleses.

“Com o cacau fresco a este preço não ganhamos nada porque, para ter 40 mil tem, de ter 100 quilos. Está a dificultar-nos a largar as fazendas porque o preço de compra é muito baixo, ainda temos de pagar os trabalhadores”, lamenta.

Em consequência disso, António Paulo Pinge revela que muitos dos 400 beneficiados das mudas de cacau “estão a abandonar” o cultivo, não só por falta de retorno, mas também de meios. O último levantamento, refere, reconhece que existem mais de 100 produtores activos.

A actual realidade levou o empresário angolano Joaquim Van-Dúnem e parceiros a recuarem na implantação de uma média fábrica de chocolates em Cabinda, avaliada em 2 milhões dólares. O empresário explica que o primeiro passo, nunca dado, seria a aposta na formação dos agricultores no sentido de assegurar qualidade e “aumento substancial” da produção. Van-Dúnem apresentou a proposta há mais de três anos ao Ministério da Agricultura e Pescas, mas nunca obteve resposta.

Um proprietário de uma média fábrica de chocolates na Holanda testou o cacau angolano e conferiu 70% de qualidade, se comparado aos dos maiores produtores mundiais. Tem produzido chocolate angolano fruto de uma parceria com alguns agricultores de Cabinda, os quais treina à distância em matéria de secagem e fermentação.