Produção de carne à espera de incentivos
PRODUÇÃO NACIONAL. Insuficiência de carne para abastecer o país faz sair anualmente mais de 500 milhões de dólares para a importação de 100 mil toneladas, segundo dados oficiais de até 2016. Empresários do ramo agropecuário queixam-se da inexistência de um programa de fomento do sector.
Em 2015, o Conselho de Ministros aprovou um programa dirigido à produção nacional de carne focado no apoio ao empresariado privado produtor de carne e cuja implementação se prolongaria até 2018. Este programa previa a facilitação de crédito aos criadores de gado, e a redução das importações anuais avaliadas em 500 milhões de dólares. No entanto, passados dois anos, quem está no sector não nota mudanças. Dados oficiais do Instituto dos Serviços de Veterinária indicam que Angola continua a importar 90% da carne que consome, estando o país a responder apenas pela produção de 10% da procura.
O ex-director-geral da Cooperativa de Criadores de Gado do Sul de Angola (CCGSA), Álvaro Fernandes, destaca, entre as dificuldades, a falta de incentivos governamentais para o aumento da produção. Porque, nota, “projectos não faltam”. A cooperativa Sul tem um projecto que visa adquirir mais de 40 mil cabeças de gado, elevando a sua capacidade para cerca de 70 mil. A este junta-se outra iniciativa em carteira, avaliada em 15 milhões de dólares, que consiste na montagem de um matadouro industrial, com capacidade diária de abate de 50 cabeças.
A produção de gado bovino está concentrada no Sul com a Huíla, Cunene, Namibe, Kuando-Kubango e Benguela a representarem cerca de 90% dos animais abatidos. O planalto de Camabatela, que corresponde à região do Kwanza-Norte, Uíge e Malanje, regista também alguma produção (ver mapa).
Para Álvaro Fernandes, a importação vai continuar a dominar o mercado, “caso não haja um esforço por parte das instituições governamentais na criação de condições favoráveis, como o tratamento dos animais, assistência técnica, subvenção nos custos de produção e estruturação do mercado”.
O Governo já havia antecipado a estruturação do mercado, por via da criação de uma cadeia de valor que passaria pela produção, conservação, distribuição e processamento. Consta também do plano das autoridades, o agravamento da taxa de importação da carne, de modo a incentivar o aumento da produção nacional e poupar divisas com as importações em cerca de mais de 200 milhões de dólares. Essa última medida é conjunta com o Ministério do Comércio.
DERIVADOS DESPERDIÇADOS
A pele, sangue, banha e chifres são desperdiçados no abate de gado, mas têm muita utilidade nas indústrias do vestuário, calçado e cosméticos. Há empresários que defendem a necessidade de se criar uma fábrica de curtumes para transformar os derivado.
REGIÃO NORTE PRECISA DE 206 MILHÕES DE DÓLARES
Oito mil cabeças de gado bovino serão importados, este ano, para confinamento e 2.500 para a reprodução. Grande parte deste gado vai para o planalto de Camabatela, segundo o ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural.
De acordo com Marcos Alexandre Nhunga a medida visa permitir que até 2025 o planalto de Camabatela, seja auto-suficiente na produção de bovinos para o abate e repovoamento.
O Governante falava, na quinta-feira, no final da 2ª sessão ordinária da reunião conjunta da Comissão Económica e a Comissão para a Economia Real do Conselho de Ministros.
O planalto de Camabatela na plenitude da sua capacidade poderá produzir dez mil toneladas de carne/ano. No entanto, precisa-se de 206 milhões de Kwanzas. Essa quantidade, dez mil toneladas de carne/ano, vai representar 60% das necessidades de consumo de carne no país, de acordo com o ministro.
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