EMPRESA AUMENTA LINHA DE PRODUÇÃO, MAS FACTURAÇÃO CAI

Produção de cervejas N´gola recua 8%

DESACELERAÇÃO. A produção de cervejas N´gola, que rondava os 750 mil hectolitros/ano, baixou para cerca de 690 mil, por força da crise financeira que assola a economia. A marca angolana já chega à Namíbia.

A Empresa de Cervejas N´gola (ECN) registou um abrandamento anual da sua produção na ordem dos 8%, nos últimos dois anos. Até 2014, a fábrica, sedeada na Huíla, produzia 750 mil hectolitros de cervejas N´gola. Segundo o director da ECN, João Lopes, a desaceleração é consequência da situação crítica que a economia angolana enfrenta.

Há dois anos, a fabricação de uma grade de cerveja custava a empresa 800 kwanzas, actualmente, o valor subiu para 1500 kwanzas. Com os custos de produção alterados, o volume de negócio da empresa, que rondavam os 100 milhões de dólares/ano caiu. “Baixou ligeiramente devido à desvalorização do kwanza”, afirmou João Lopes, sem pormenorizar a percentagem da queda.

Deste modo, a direcção da empresa vê frustrada a intenção de aumentar os níveis de fabrico da N´gola, anunciada em 2014, aquando da apresentação de uma nova linha de produção, que tem capacidade para produzir 12 mil barris de cerveja por mês. Com o novo equipamento, a firma conta com três linhas de produção. “Trabalha diariamente na melhoria contínua dos seus serviços, mantendo sempre o foco na satisfação dos clientes”, diz o gestor.

Expandir para os mercados da região Norte do país era o que se pretendia com o aumento da produção. Apesar da crise financeira, nem tudo corre mal. A ECN conseguiu atingir, pelo menos, o mercado de Luanda, onde mensalmente são distribuídos, em supermercados, cerca de 10 mil caixas de cervejas e barris de fino, em restaurantes.

“A qualidade da cerveja tem-se mantido irrepreensível, o que atrai novos consumidores e mantém os consumidores fiéis ligados à marca, cada vez mais jovem, fresca e sofisticada”, regozija-se João Lopes.

O que também a crise financeira não impede é a produção de garrafas descartáveis, que foi pensada com o objectivo de exportar esta cerveja angolana. Por esta altura, a fábrica huilana faz chegar à Namíbia. “Na fronteira do lado da Namíbia pode encontrar-se bastante produto N’gola. Porém as quantidades ainda são muito pequenas.

Maioritariamente, a N´gola é consumida no Sul de Angola, com destaque para a Huíla, Namibe, Cunene e Kuando Kubango. Nestas províncias, de acordo com o director da ECN, a marca lidera, com uma cota de mercado na ordem dos 90%. O gestor reconhece que os níveis de produção ainda estão aquém do desejado, avançando que, mesmo na região Sul, o fornecimento é feito com limitações. Na fábrica da N´gola, faz-se ainda engarrafamento de produtos da companhia Coca-Cola (Coca-cola, Fanta, Sprite e Youki). A produção anual destes refrigerantes também recuou de 350 mil hectolitros para os 300 mil hectolitros.

Embora se esteja a enfrentar a situação da crise, João Lopes afirmou que até agora não houve nenhum despedimento na ECN, que conta com 610 funcionários. Mas `o mau momento´ impede a empresa de admitir novos quadros.

 

ENERGIA SÓ EM AGOSTO

As máquinas que produzem cervejas e refrigerantes da ECN são movidas por grupo de geradores, por falta de energia da rede pública. Segundo João Lopes, só em Agosto a fábrica terá acesso à energia da rede pública, na sequência de um projecto que está em execução, em parceria com o governo da Huíla.

Embora não tenha avançado o valor dos custos com os combustíveis dos geradores, o interlocutor deixou claro que este facto encarece a produção da N´gola e dos refrigerantes da Coca-Cola, sem esquecer o custo de importação de matérias-primas. Malte, por exemplo, é importado da Europa e Austrália. A água é praticamente a única matéria-prima que a ECN não importa. A N´gola é feita com a água da nascente da Tundavala.