Produtores de ovos querem nova associação
AVICULTURA. Grandes produtores querem criar uma nova associação para “discutir com o Estado”. Não se revêem na actual existente por estar “dependente dos favores do Estado”.
Os chamados grandes produtores de ovos, proprietários de fazendas, planeiam criar uma nova associação, por não se reverem na única existente, a Associação Nacional dos Avicultores de Angola (ANAVI).
Elizabete Dias dos Santos, administradora do grupo Diside, proprietária da Fazenda Peróla do Kikuxi, justifica a pretensão com a diferença de interesses: “Os grandes produtores são indústrias de ovos que incluem outras fábricas como as de ração e produção de cartões, daí que se pensa em criar uma associação que vai congregar os grandes produtores, que ao invés de depender de favores do Estado, discuta com o Estado”.
A gestora, proprietária da fazenda que produz cerca de um milhão de ovos por dia, reforça a ideia de que a ANAVI é “composta por pequenos produtores, empresas com menos 50 mil aves” e que foi criada “não tanto para defender os produtores de ovos, mas mais para pedir favores ao Estado e mesmo, com isso, não querem correr o risco de se tornarem grandes produtores”.
Elizabete Dias dos Santos desafia a que se olhe para os números apresentados pela ANAVI. “São números apenas dos pequenos produtores porque os grandes têm os seus dados. Por exemplo, a fazenda Kikuxi, produtora do kikovo, por si só, produz diariamente um milhão de ovos por dia”.
O presidente da ANAVI, Rui Santos, é que não se mostra preocupado com a possibilidade de haver mais uma associação. Em declarações ao Valor, não tem dúvidas de que “os grandes produtores se quiserem têm toda legitimidade para o fazer”.
Rui Santos lembra, no entanto, que a ANAVI estima ter uma produção de 700 mil ovos dias, a que dizem respeito à soma da produção dos mais de cem associados.
Uma das provas das diferenças na abordagem dos temas entre a ANAVI e os grandes produtores é a perspectiva sobre a relação entre a necessidade do mercado e a produção de ovos durante a quadra festiva. A ANAVI perspectiva um défice de 40%, estimando um aumento do preço para 70 Kwanzas, no mercado informal. São números contrariados por Elizabete Dias dos Santos. Além da Peróla do Kikuxi, destacam-se entre as grandes produtoras, a Aldeia Nova e a Uniovo e, segundo cálculos de Elizabete Dias dos Santos, a produção total das três anda perto dos 60 milhões de ovos por mês.
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